Costa vs Moedas. Marcelo só fala por si, mas “justificava-se” acompanhar as cheias em Lisboa

ECO - Parceiro CNN Portugal , António Larguesa
16 dez 2022, 17:30
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (Lusa/Tiago Petinga)

Confrontado com a troca de palavras entre António Costa e Carlos Moedas sobre a gestão política das cheias na capital, o Presidente da República puxou o jogo para si, entre recados ao primeiro-ministro

Depois de ouvir António Costa reagir com irritação quando confrontado com o facto de nenhum membro do Governo ter estado ao lado de Carlos Moedas (PSD) durante as cheias em Lisboa e de desabafar que o autarca da capital também “não [o] contactou quando [teve] a casa inundada”, Marcelo Rebelo de Sousa puxou o jogo para si, entre recados implícitos ao primeiro-ministro.

“É importante que os portugueses sintam que o poder está próximo. Quem está teoricamente mais distante – falo pela minha maneira de fazer [as coisas] – deve acompanhar o que se está a fazer nas autarquias. Mas cada um tem o seu estilo e não se repetem os estilos e as situações”, indicou o Presidente da República.

É importante que os portugueses sintam que o poder está próximo. Quem está teoricamente mais distante – falo pela minha maneira de fazer [as coisas] – deve acompanhar o que se está a fazer nas autarquias. Mas cada um tem o seu estilo", Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República.

Questionado pelos jornalistas sobre se o primeiro-ministro não devia ter contactado o presidente da Câmara Municipal de Lisboa nos últimos dias, Marcelo disse não querer “formular juízos sobre como reagem os responsáveis políticos”. “Falo por mim. Fiz o que sempre fiz. E fiz numa situação em que pensava que se justificava” ir ao terreno, acrescentou o chefe de Estado.

No final da cimeira europeia em Bruxelas, questionado sobre a ausência de membros do Governo em Lisboa, ao contrário do que sucedeu nos municípios socialistas de Loures e Campo Maior, ou na “independente” Oeiras, António Costa acabou por deixar um desabafo: “Olhe, eu posso-lhe perguntar porque é que ele não me telefonou a mim quanto tive a minha casa inundada”.

E o chefe de Estado sabia que a casa do primeiro-ministro, na freguesia de Benfica, também tinha sido afetada pelas cheias que assolaram a capital portuguesa no início desta semana? “Não vou comentar situações pontuais e casos individuais, [quando] foram tantas as pessoas afetadas em Portugal”, sentenciou Marcelo Rebelo de Sousa.

Esta manhã, Moedas confirmou não ter recebido qualquer chamada do primeiro-ministro, embora tenha sido contactado pelos ministros Ana Abrunhosa (Coesão Territorial) e José Luís Carneiro (Administração Interna). Mas desvalorizou o tema para “não criar mais irritação”, frisando que “não [precisa] de telefonemas, mas de ajuda rapidamente, de soluções rápidas” por parte do Executivo.

Quanto ao desabafo deixado por Costa de que não se preocupou com a inundação na sua casa, o sucessor de Fernando Medina respondeu que esteve “nos casos mais graves, com os que estavam sem nada”. “Passei dias a resolver esses casos concretos, é aí que o presidente da Câmara tem de estar. (…) Fui eleito pelos lisboetas. Usando as suas próprias palavras: ‘o PS tem de se habituar a isso’”, ironizou o autarca lisboeta, numa referência às palavras de Costa na entrevista à Visão, ao referir-se à oposição.

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