Marcelo fez uma espécie de elogio ao passado de Costa - e Costa reagiu com um gesto intrigante

Agência Lusa , ARC
7 jun 2023, 19:34
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (Lusa/Tiago Petinga)

Aconteceu na África do Sul, onde tanto Marcelo como António Costa estiveram numa aula numa universidade local

Perante estudantes sul-africanos de português, o Presidente da República falou esta quarta-feira sobre História de Portugal e a atual realidade do país. Marcelo aproveitou esta ocasião na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, para lembrar o seu antigo aluno António Costa - era “brilhante” mas “estudava pouco”.

Marcelo Rebelo de Sousa fez uma intervenção inicial em inglês, contendo uma breve síntese da História de Portugal e sobre o país nos dias de hoje. Mas a plateia animou-se quando o Presidente da República se referiu à sua anterior atividade de professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e ao estudante António Costa, que estava ali ao seu lado.

"Quando o primeiro-ministro era um estudante, foi meu aluno, com a idade de 19 anos. Já era inteligente, brilhante e pró-ativo, muito ativo. Estudava muito pouco, estava envolvido na política a maior parte do tempo", declarou o chefe de Estado.

António Costa ainda fez um gesto dando a entender que, na sua perspetiva, as coisas com ele, quando era estudante, não eram bem assim. Mas Marcelo Rebelo de Sousa prosseguiu: António Costa “teve 17 em 20”.

“Em Portugal, o máximo é 20, o que é muito bom para alguém que não estudava nada", comentou o Presidente da República, gerando uma gargalhada na sala.

Mais à frente, nesta mesma sessão, o Presidente da República tentou passar para o primeiro-ministro a resposta a uma das perguntas feitas por estudantes, mas António Costa rejeitou: “Eu não estudei", alegou, ouvindo-se novamente risos na plateia.

No seu discurso na Universidade de Wits, onde estudou o antigo Presidente da África do Sul e líder da resistência ao regime do ‘Apartheid’ Nelson Mandela, Marcelo Rebelo de Sousa, perante os estudantes de português, defendeu a tese de que “Portugal só aparentemente é pequeno em tamanho”.

“É o país europeu mais antigo, com quase 900 anos. Mas quando falamos do mar que temos sob nossa jurisdição, é quase 20 vezes o tamanho bem conhecido nosso território. E será no futuro 40 vezes, porque a nossa plataforma continental vai ser alargada. Esta é outra maneira completamente diferente de ver Portugal”, sustentou.

Em número de habitantes, referiu o chefe de Estado, o território nacional tem 10 milhões, mas há 12 milhões de portugueses no exterior e que estão em todos os países do mundo, “aqui na África do Sul, a terceira maior comunidade após França e Brasil”.

“Em cada continente há pelo menos um país onde se fala português. Estamos em todo o lado. O português é a segunda língua mais falada no hemisfério sul e a segunda no digital, depois do inglês e antes do espanhol”, advogou, dizendo que esse resultado se deve ao Brasil. “Eles são loucos pelo digital”.

Em relação ao país de hoje, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Portugal “é pioneiro na energia limpa”, organiza a Web Summit e possui um número recorde de 'startups', tendo já oito “unicórnios”, empresas tecnológicas com capital superior a mil milhões de dólares.

“Tivemos de enfrentar quatro desafios ao mesmo tempo: o fim de um império, o último europeu; a transição democrática; as mudanças económicas e sociais: e a Integração na então Comunidade Económica Europeia. Em 12 anos fizemos o que economias importantes europeias fizeram em 50 anos.”

Em resposta a uma aluna, o Presidente da República falou do envolvimento do primeiro-ministro, António Costa, com os assuntos europeus. “No caso de Portugal é uma tradição que o primeiro-ministro esteja muito envolvido em assuntos europeus porque a União Europeia é quase um assunto interno para um Estado-membro. É muito difícil distinguir o que é interno do que é externo no que respeita à Europa”.

Interrogado sobre o seu percurso, Marcelo Rebelo de Sousa apontou a política como uma atividade secundária em relação ao ensino universitário: “Apenas por alguns momentos estive envolvido na política”. “Mas sem nunca deixar a universidade. Quero dizer, a minha carreira foi académica, então nunca sacrifiquei a minha carreira por causa da política, o que é uma vantagem: ter alguma coisa a que se pode voltar quando não se está envolvido na política, quando não se depende da política, é uma grande vantagem”, considerou.

O Presidente da República e o primeiro-ministro têm esta quarta-feira na África do Sul um programa conjunto de comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, dividido entre Joanesburgo e Pretória.

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