São "presente e, mais ainda, futuro": Marcelo pediu mais meios para as forças armadas e "consenso nacional"

25 abr 2022, 13:12

Presidente da República centrou nas forças armadas a sua intervenção na sessão solene que assinalou os 48 anos do 25 de Abril na Assembleia da República. Marcelo pediu investimento nas forças armadas, mas admitiu que não é tarefa de um governo só

Marcelo Rebelo de Sousa encerrou esta segunda-feira a sessão solene de comemoração dos 48 anos do 25 de abril com um discurso totalmente centrado nas forças armadas, pedindo um reforço de meios para os militares e incentivando uma reflexão coletiva para as forças armadas que temos e aquelas que queremos ter. E não deixou de recordar "com saudade", logo no início da intervenção, o ex-presidente Jorge Sampaio, que morreu em setembro do ano passado.

Agradecendo desde logo o "gesto refundador" dos Capitães de Abril, o Presidente abriu a sua intervenção na Assembleia da República dizendo que falaria do que vinha desde antes do 25 de Abril, desde "o começo de Portugal": das forças armadas, que são garantes da independência e soberania nacional, em tempo de paz e "mais ainda em tempo de guerra".

"Nestes tempos em que a guerra na Europa reentra nas nossas casas, toca as nossas vidas, muda o nosso dia a dia, falar em forças armadas é falar daquilo que, sendo passado, é muito presente e, mais ainda, futuro", sublinhou Marcelo.

"Por que razão neste 25 de Abril falo das nossas forças armadas na democracia que temos de recriar jornada após jornada? Porque sem as forças armadas, e forças armadas fortes unidas e motivadas, a nossa paz, a nossa segurança, a nossa liberdade, a nossa democracia, sonhos de 25 de Abril, ficarão mais fracas", afirmou o chefe de Estado, que é também Comandante Supremo da Forças Armadas, perante a Assembleia da República.

Recordando que recentemente se despediu dos soldados portugueses que partiram para a Roménia em missão da NATO, Marcelo destacou que a paz e a segurança são "missão primeira das forças armadas" da nossa pátria, passando a explicar depois "o que é a pátria".

"Uma pátria são pessoas de carne e osso, todas somadas e cada uma delas per se", frisou o presidente, dizendo que são os portugueses cá dentro e lá fora formam a nossa pátria.

"Servir a pátria neste momento", disse o Presidente, recordando os locais onde estão as forças armadas portuguesas, "é servir a paz e a segurança".

Mas como é que na Roménia ou nos céus da Europa Báltica se luta pela paz e pela segurança? Marcelo respondeu à sua própria pergunta. "Porque as nossas fronteiras já não são as que foram", disse o Presidente, referindo que a paz, a segurança, a liberdade, a igualdade  ou "a luta contra a miséria e pobreza e pela ação climática são as nossas fronteiras".

Reforçar forças armadas "não é ser de esquerda ou de direita"

O Presidente realçou depois que as forças armadas são fundamentais e a sua importância deve ser reconhecida, destacando que precisam de mais meios para poderem ser melhores. “Se não criarmos essas condições, não nos podemos queixar que um dia estamos a exigir missões difíceis de cumprir por falta de recursos”, disse Marcelo: “Depois não nos queixemos de desilusões, frustrações ou afastamentos.”

O Presidente frisou também que reforçar as forças armadas "não é ser de esquerda ou de direita", "é ser-se pura e simplesmente patriota em liberdade e democracia", destacou, admitindo que o eventual reforço das forças armadas exige consenso coletivo.

"Fazer isto não é só tarefa de um Presidente, de um parlamento, de um Governo. Requer um consenso nacional continuado e efetivo acerca das forças armadas como pilar crucial da nossa vida coletiva", defendeu.

Marcelo apontou ainda que não é possível desinvestir nas forças armadas pensando que "longe vão as guerras", admitindo que, mesmo sem meios, os militares portugueses continuam a ser dos melhores, pedindo também uma reflexão sobre as forças armadas que temos e as que queremos ter. 

"Se os portugueses não perceberem, não aderirem e não apoiarem, não há poder público, mesmo o mais corajoso e voluntarista, que vingue sem a vontade popular", concluiu o Presidente. 

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