O avô António partiu de Pedraça em 1881: foi arraia-miúda e "sem a arraia-miúda não teria havido o Portugal que temos". Marcelo no 10 Junho

10 jun 2022, 13:03

Na sétima vez que discursou nas comemorações do Dia de Portugal, o Presidente da República lembrou os seus familiares que, tal como "milhões de outros portugueses", cruzaram os oceanos para construir vida além-fronteiras

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou esta sexta-feira, no seu discurso das comemorações do 10 de junho em Braga, a família que foi obrigada a sair do país por conta da crise e a lutar pela vida além-fronteiras. Lembrando o minhoto avô António, o filho e a neta, Marcelo falou sobre os portugueses que resistem, que arriscam e que "quanto mais longe estão mais portugueses ficam".

"Este povo minhoto fez-me lembrar o meu avô António, que partiu de Pedraça em 1881, miúdo, com um irmão, chamando de apoio os outros irmãos, para fugirem da crise nas Terras de Basto para essa nova pátria chamada Brasil. Um de milhões que arriscaram quando ainda não havia leis, nem acordos, nem estatutos, nem direitos de votos universais. É o povo português a razão de sermos o que somos e como somos - de sermos Portugal."

Para o Presidente da República, os portugueses são um "povo que tão depressa e bem sonha" mas que também resiste a "pandemias globais, a crises mundiais e nacionais" e que é quando resiste a essas crises que constrói "impérios com menos de um milhão de pessoas". "E depois de acabados esses impérios deixa pedaços de si, tantas vezes os mais corajosos e os mais resistentes, em tantos cantos da terra", como é o caso do filho e da neta que se encontram no Brasil, como milhões de outros portugueses.

"Este povo que ainda há semanas abracei em Timor-Leste, abraçando também o povo timorense. Este povo que dentro de semanas abraçarei no Brasil, no filho e na neta que como os outros netos estão lá fora e que como milhões de pais, irmãos, filhos e netos de tantos de vós e que quanto mais longe estão mais portugueses ficam", sublinhou Marcelo.

Num discurso de 13 minutos, o Presidente da República enalteceu ainda os 200 anos da Revolução Liberal e voltou a lembrar que as páginas da História portuguesa não se fazem só de chefes e soberanos, também se fazem da "arraia-miúda".

"Porque se é verdade que os seus soberanos encheram páginas da nossa História, sem o povo, sem a arraia-miúda não teria havido o Portugal que temos. O povo esteve nos momentos decisivos para sermos o que somos - Portugueses.".

Para o Presidente da República é ao povo português que Portugal deve "tanto, mas tanto" num ano de desafios, sucessos e fracassos, num ano em que o país, dentro de apenas 15 dias, se voltará a tornar o "centro do mundo", com a Conferência dos Oceanos em Lisboa, lembrando que tal "só é possível em Portugal porque o povo português escolheu o oceano como destino".

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda o papel conciliador e acolhedor do povo português, que "aprende e reaprende a receber irmãos vindos das Áfricas, das Américas, das Ásias, do Pacífico". "Africanos irmãos na língua, depois brasileiros, depois europeus de leste, depois asiáticos e africanos não falantes de Português, há pouco afegãos, agora de novo ucranianos ou vindos da Ucrânia. É o povo com armas que faz e quer fazer a paz."

As comemorações do 10 de Junho decorrem este ano na Avenida de Liberdade em Braga, onde, antes dos discursos, houve honras militares e uma homenagem aos mortos. Seguiu-se o desfile das forças em parada e cumprimentos de antigos combatentes e o Presidente de República seguiu para Londres para assinalar esta data com a comunidade portuguesa no Reino Unido.

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