Quando Briosa era a forma mais curta de dizer Coimbra (com tudo o que Coimbra significa)

12 abr 2023, 08:08

A Máquina do Tempo viaja até aos dias, em julho de 1997, em que a Académica enchia o estádio de estudantes, que sentiam naquela camisola preta uma parte da importante da sua vida. Venha daí numa visita a Coimbra, à Academia e à memória de tempos felizes.

Era julho de 1997, o verão ainda escaldava e a TVI viajava até ao Calhabé para sentir o pulso a um clube especial: a Académica, de Coimbra, da Academia e das memórias felizes. A equipa tinha acabado de subir à primeira divisão e preparava-se para o regresso ao seu lugar natural.

Na memória de todos estavam ainda as imagens da época anterior e de um Estádio Municipal de Coimbra a rebentar pelas costuras, com as bancadas completamente cheias e milhares de adeptos a ocupar até a pista de atletismo, para celebrar a subida de divisão.

Tinha acontecido na penúltima jornada do campeonato, numa vitória por 3-0 da equipa então orientada por Vítor Oliveira sobre o Estoril. No fim, e para a festa ser completa, houve uma invasão de campo de milhares de estudantes em completa euforia.

Muitos assumiam que a velha mística estava de volta.

A Briosa era nessa altura uma mistura de Coimbra e Universidade: um clube diferente, com uma porta aberta aos estudantes, e que todos os anos recebia jogadores à procura de tempo e oportunidade para terminar o curso universitário.

Nesse ano de 1997, por exemplo, o lateral Tó Sá trocou o V. Setúbal pela Académica para conseguir concluir as cinco cadeiras que lhe faltavam em Matemática Aplicada. Sim, é verdade: nos anos noventa havia profissionais que tiravam a licenciatura em Matemática Aplicada.

Enfim, foi há vinte e cinco anos, mas parece ter sido noutra vida.

Também o central Sérgio Cruz e o avançado Miguel Vargas se transferiram para a Académica para continuar a estudar, juntando-se a nomes míticos da equipa, todos eles também presença habitual nos bancos da universidade, como Rocha, Mickey, João Campos, Rui Campos, Pedro Roma, João Tomás, Pedro Lavoura ou Zé Nando.

Eram tempos bons da Académica, um clube do qual era impossível não gostar.

A verdade é que após ano e meio de sucesso, Vítor Oliveira deixou a Académica e foi Henrique Calisto quem deu início à nova temporada. Acabou por ser um ano turbulento, com três treinadores, mas que no fim valeu a 15ª posição e a permanência na primeira divisão.

O pior veio depois.

Ainda teve boas fases, é verdade. Conseguiu estar, por exemplo, catorze temporadas consecutivas na Liga, ao longo das quais teve treinadores míticos como Artur Jorge, João Alves, Nelo Vingada, outra vez Vítor Oliveira, Manuel Machado ou André Villas-Boas. Chegou a alcançar um sétimo lugar com Domingos Paciência e um oitavo posto com Sérgio Conceição.

Pelo caminho, claro, ganhou a Taça de Portugal em 2012, numa final carregada de história e simbolismo, em plena crise da Troika, frente ao Sporting, com Pedro Emanuel ao comando. Pelo caminho participou na Liga Europa e venceu até o At. Madrid, de Diego Simeone.

No entanto, ano após ano, e sobretudo após a descida de divisão em 2016, a Académica foi perdendo a ligação à Academia e aos estudantes.

Foi-se então tornando um clube igual aos outros e caiu no poço em que se encontra agora. A disputar a fase a Liga 3. Pior do que isso, a disputar a fase de manutenção na Liga 3.

No ponto mais baixo da sua riquíssima e comovente história.

«Máquina do tempo» é uma rubrica do Maisfutebol que viaja ao passado, através do arquivo da TVI, para recuperar histórias curiosas ou marcantes dos últimos 30 anos do futebol português.

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