Ministro nega fecho e fala de reorganização de urgências em Loures e Barreiro-Montijo

Agência Lusa , AM
27 fev 2023, 12:00
Ministro da Saúde, Manuel Pizarro (Estela Silva)

Aludindo ao trabalho em curso pela direção executiva do SNS para a implementação de um novo modelo para as urgências, o ministro da Saúde lembrou que esta reorganização já está no terreno na área metropolitana do Porto, “há muitos anos” e “com sucesso”

O ministro da Saúde rejeitou esta segunda-feira o eventual fecho das urgências pediátricas de Loures (Lisboa) e do Barreiro-Montijo (Setúbal), enquadrando antes essas situações no trabalho em curso para criar um novo modelo de urgências.

“Sempre que as coisas não estão a funcionar como devem, eu fico preocupado com esse facto. Devo dizer que, no caso concreto da região de Lisboa, isso tem de ser tratado no contexto da organização das urgências metropolitanas, porque foi isso que nós fizemos noutras regiões do país”, afirmou o ministro Manuel Pizarro.

Em Alcácer do Sal (Setúbal), no arranque da iniciativa Saúde Aberta pelos concelhos do litoral alentejano, promovida pelo Ministério da Saúde, o governante reagia a uma notícia avançada pela RTP, sobre a urgência pediátrica do Hospital de Loures.

Segundo esta notícia, baseada numa denúncia do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), “a urgência de pediatria do Hospital de Loures passa a encerrar já em março durante a noite e aos fins de semana devido à falta de pediatras”.

O SIM considerou o assunto “grave” e recordou “que esta é a segunda maior urgência da área metropolitana de Lisboa.

Aludindo ao trabalho em curso pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para a implementação de um novo modelo para as urgências, o ministro da Saúde lembrou que esta reorganização já está no terreno na área metropolitana do Porto, “há muitos anos” e “com sucesso”.

A mesma passa por “garantir um modelo de organização que, simultaneamente, seja acessível aos utentes, que saibam exatamente onde procurar cuidados, e que permita uma organização dos profissionais disponíveis que também não os leve à exaustão profissional”, disse.

“Eu estou a acompanhar essa situação, mas a direção executiva está a trabalhar no modelo das urgências metropolitanas para a região de Lisboa e vai ser nesse contexto que isso [Loures] vai ser resolvido”, afiançou.

Questionado sobre como poderá funcionar esse modelo, Manuel Pizarro frisou não ter ainda “a resposta para essa pergunta”.

“Na cidade do Porto, a urgência metropolitana de pediatria está em funcionamento há quase 20 anos. Durante o dia ela funciona nos dois hospitais, no Hospital de Santo António, no centro maternoinfantil, e no Hospital de são João, e depois durante a noite a urgência pediátrica é concentrada no Hospital de São João”, explicou.

Esta organização “responde à procura que existe das pessoas” e não cria “dificuldades”, acrescentou.

Quanto à região de Lisboa, indicou, “é um tema que está em trabalho, porque isso tem que ser dialogado também com os autarcas, os profissionais, as direções dos hospitais”, ou seja, “tem de se ouvir as pessoas todas para se proporem medidas que sejam adequadas e seguras”.

Questionado pela agência Lusa sobre qual a situação da urgência pediátrica noturna do Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM), que o SIM disse ter conhecimento de que vai encerrar a partir desta quarta-feira, o ministro afiançou que “não vai fechar, pelo menos não se pode dizer assim”.

“A resposta é a mesma em relação ao tema da margem norte do Tejo. Está a ser feito um trabalho pela direção executiva, em diálogo com os diferentes hospitais, Garcia de Orta, Setúbal, Barreiro, com os profissionais, com os autarcas, para encontrar um modelo de funcionamento que dê qualidade e segurança. Isso é o que é mais relevante”, argumentou.

Resposta a internados por motivos sociais já alivia hospitais

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou que o modelo criado pelo Governo para dar resposta a doentes hospitalizados por motivos sociais “está a funcionar e já permitiu aliviar a situação”, apesar de o número ainda preocupar.

“Seiscentos são 600 a mais. Apesar de tudo, há dois ou três meses atrás eram 1.100, o que significa que este modelo está a funcionar e já permitiu aliviar a situação”, realçou o governante, em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.

No arranque de uma visita ao litoral alentejano, Manuel Pizarro foi questionado pelos jornalistas sobre a existência de 665 doentes internados em hospitais por razões sociais, segundo notícia publicada na edição de domingo do Diário de Notícias (DN).

“É um número que me preocupa e que nós temos de resolver”, assinalou, lembrando que os ministérios da Saúde e do Trabalho e Segurança Social estabeleceram em conjunto “um modelo de alta social dos hospitais”.

Considerando que este modelo já está a apresentar resultados, o ministro sublinhou, porém, que é necessário “continuar a trabalhar para criar uma alternativa” para estas pessoas que já tiveram alta e aguardam uma resposta.

“É preciso que os hospitais estejam aliviados destes casos, mas, sobretudo, é tema de dignidade humana”, pois “as pessoas não têm de estar internadas num hospital quando a sua situação clínica não se justifica”, vincou.

Por outro lado, Manuel Pizarro referiu que “o internamento num hospital também representa riscos” para as pessoas, dando como exemplos as infeções hospitalares e a desinserção da vida comunitária.

“Este é um caso em que, apesar de tudo, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a ser o espaço onde essas pessoas têm o apoio de que necessitam. Precisamos de as tirar dos hospitais e vamos criar um modelo adequado para isso”, sublinhou.

Questionado sobre o fecho de 220 camas na Rede Nacional de Cuidados Continuados (RNCCI) nos últimos dois anos, o governante começou por reconhecer que “havia um financiamento insuficiente” e que, por isso, o Governo aumentou os valores pagos pelo Estado em novembro passado.

“Aumentámos em um pouco mais de 15% a diária das unidades de longa duração e em cerca de 7% a diária das unidades de média duração e fizemos isso com retroativos de janeiro de 2022”, disse, indicando que a medida “foi muito bem recebida pelo setor”.

Recordando que a RNCCI “tem 10 mil lugares”, Manuel Pizarro admitiu que não fica satisfeito “por haver 2% de encerramento” e mostrou-se resignado com os eventuais fechos: “Mas com isso temos de viver”, frisou.

Segundo o ministro, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem “uma forte alocação” de financiamento para a abertura de “cerca de 5.500 camas de cuidados continuados de que o país ainda necessita”.

“Esse processo vai iniciar-se agora e tenho a confirmação de que, já este ano, vamos abrir largas dezenas de novos lugares em cuidados continuados”, revelou.

Sobre a visita aos cinco concelhos do litoral alentejano, no âmbito da iniciativa Saúde Aberta, o governante disse pretender “fazer um diálogo muito frutuoso” com as populações, autarcas, profissionais de saúde e administrações e direções de unidades.

“Esse diálogo é muito relevante e ajuda-nos muito, às vezes, a matizar as medidas de acordo com as necessidades de cada local”, acrescentou.

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