PSP propõe polícias nas juntas de Lisboa e Porto para compensar fecho de esquadras: "É uma equação matemática"

CNN Portugal , BCE
27 out 2022, 07:47
Magina da Silva (Manuel de Almeida/Lusa)

"Quanto mais esquadras tivermos, menos polícias teremos na rua, nas unidades móveis, nos carros-patrulha, para acorrer a situações urgentes", sintetiza Magina da Silva

Manuel Magina da Silva, director nacional da PSP desde fevereiro de 2020, explicou esta quinta-feira, em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, a sua estratégia para a PSP, que inclui a reorganização do dispositivo, com o encerramento de estradas. De acordo com o responsável, esta proposta, que já foi entregue ao Governo, permite que se libertem polícias para as ruas.

Questionado sobre quantas esquadras encerraria e qual seria a vantagem dessa decisão, Magina da Silva responde que se trata de "uma equação matemática que não está sujeita a discussão". "Quanto mais esquadras tivermos, menos polícias teremos na rua, nas unidades móveis, nos carros-patrulha, para acorrer a situações urgentes", sintetiza.

"Temos esquadras em Lisboa a 500 metros umas das outras, o que não faz sentido absolutamente nenhum. Isto tem de ser mudado. A competência de fechar e abrir esquadras é da tutela política, não é minha. Há muita margem [para mexer]. Fizemos um estudo comparativo com várias polícias da Europa e Estados Unidos, e nós somos, de longe, a polícia que tem mais instalações policiais – se não for do mundo, deve caminhar para lá", esclarece.

Já em relação ao número de efetivos, Magina da Silva refere que "Portugal tem o quarto rácio da Europa" ao nível das forças e serviços de segurança do Estado com armas distribuídas. 

"As esquadras contribuem para um sistema autofágico, 'comem' polícias. São 12 polícias só para manter aquilo aberto. Se olharmos para a grande área metropolitana de Madrid, oito milhões de habitantes, a Polícia Nacional de Espanha tem 36 instalações policiais ou divisões. O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP para a Área Metropolitana de Lisboa, que servirá 1,2 milhões de pessoas, tem, pasme-se, 64 esquadras. Pelo rácio de Espanha, ficaríamos com sete esquadras e meia", compara.

Ora, a sua proposta "não é tão radical", diz, sustentando de seguida: "É que nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto passemos a ter só divisões com mais capacidade, com mais projeção de meios para termos mais polícias na rua novamente. Como forma de mitigar esta questão, a PSP garante que colocará nas juntas de freguesia que eventualmente deixem de ter instalações policiais um polícia em horário normal de expediente, de forma que possa haver um posto de atendimento para receber queixas, etc. É uma forma de mitigar essa perda psicológica."

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