«Félix tem potencial de Bola de Ouro, mas precisa de ser mais regular»

3 mai 2022, 13:58
Rui Vitória

Rui Vitória analisou o percurso dos jovens que lançou no Benfica e lamentou experiência «agridoce» no Spartak

Rui Vitória está desde dezembro sem treinar, depois da passagem pelos russos do Spartak de Moscovo. Em entrevista ao jornal Marca, o técnico português explicou o que correu mal na segunda aventura no estrangeiro.

«Foi uma experiência estranha e agridoce. Cheguei com a ideia de que o clube voltaria a vencer e chegámos aos oitavos de final da Liga Europa. Foi um grande desafio porque competimos com Zenit, CSKA, Lokomotiv, Dínamo... Mas surgiram problemas graves: não chegaram contratações e saíram sete ou oito pessoas importantes na estrutura: diretor desportivo, diretor de comunicação... Assim, não é possível ter êxito ao mais alto nível. É uma pena, porque é um clube fantástico, com grandes adeptos e excelentes jogadores», reconheceu.

Vitória revelou que costuma jogar padel pela manhã e, à tarde, vê e analisa jogos, enquanto espera uma proposta «na Europa». O treinador português assumiu também que foi difícil digerir a saída do Benfica.

«Fiquei lá quase quatro anos e quando as coisas terminam ao fim de um longo período é sempre mais difícil aceitar, mas assumo com naturalidade: todos os ciclos terminam», sublinhou.

O técnico explicou que foi com ele no comando que o clube mudou a visão e iniciou a aposta no Seixal, com jovens que «rapidamente começaram a brilhar e mais tarde foram vendidos». Um dos nomes mais sonantes é o de João Félix.

«O João tem uma característica que não é normal em jovens: simplicidade e eficiência nos processos. Todos gostam de se mostrar e o João, por outro lado, tinha assimilado muito bem os mecanismos da alta competição: receber e rematar. Além disso, ele tinha uma capacidade técnica de alto nível e raciocínio rápido para resolver problemas», observou, antes de apontar que o atacante português está fora da zona de conforto em Madrid.

«Tem vindo a ganhar coisas de que precisava, principalmente ao nível do posicionamento defensivo, melhorou muito. Acho que ele precisa de jogar numa equipa mais dominante para jogar mais perto da área adversária. Isso faria dele um melhor jogador. Num bloco mais baixo também pode fazer a diferença, mas custa mais.»

Para Rui Vitória, o avançado dos colchoneros pode ambicionar a Bola de Ouro. «Não gosto de fazer esse tipo de previsão, mas o João tem potencial para isso. É um jogador extraordinário, diferente, invulgar, mas precisa de ser mais regular ao nível de entrar mais no jogo, golos e assistências. Os próximos um ou dois anos serão decisivos na sua carreira.»

Outro dos jovens lançados por Vitória foi Gonçalo Guedes, que atualmente alinha no Valencia. «O Gonçalo tem uma qualidade que nós treinadores valorizamos muito. Pega na bola e arranca. Ele evoluiu muito do ponto de vista tático e tem qualidades físicas fantásticas. É explosivo e remata bem. Ainda pode evoluir mais», analisou.

Já Rúben Dias e Ederson são «top». «Rúben Dias deu a estabilidade defensiva de que o Manchester City precisava. É um relógio suíço de alta qualidade. Tem todas as qualidades, ofensivas e defensivas, que um central deve ter. O Ederson tem uma virtude. Ele não só defende, como também evita as chances do adversário ao jogar tão longe fora da área. A isso devemos acrescentar o seu jogo com os pés. É um médio a jogar na baliza.»

Rui Vitória acredita que a seleção portuguesa pode fazer boa figura no Mundial do Qatar.

«Portugal está num momento ideal. Conta com muita experiência ao mais alto nível e jovens que já demonstraram qualidade. Além disso, tem um treinador que conhece bem o grupo e uma ótima estrutura na Federação. Estou confiante de que farão um bom Mundial», atirou.

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