Treinador do Manchester United explica como se relaciona com os jogadores e recorda a final da Liga Europa que perdeu com o Benfica
Ruben Amorim revelou quais foram os treinadores em que se inspirou para iniciar a carreira nos bancos e confessou que tentou replicar no Sporting aquilo que José Mourinho fez no FC Porto, ao contratar jogadores no campeonato português e com quem tentou «criar laços».
«Fui muito influenciado por muitas pessoas. Sempre vi muito futebol e foi onde mais aprendi. Tive influência de Jorge Jesus, que já tem a influência neerlandesa. Depois, [Johan] Cruyff também. Via muito futebol italiano quando era criança. Jogar com três defesas vem da filosofia de Cruyff. Depois, junto à ideia italiana de defender, com uma primeira linha de defesa e uma segunda linha. É uma combinação de diferentes tipos de futebol», começou por dizer o treinador do Manchester United, numa entrevista à UEFA.
«Muitas das coisas que fiz no Sporting, como contratar jogadores como Nuno Santos, Pote [Pedro Gonçalves], todos esses jogadores... eu estava a imitar o que [José] Mourinho fez no FC Porto. Sou o tipo de pessoa que gosta de criar laços. Acho que consegues lidar melhor com grupos assim do que com distanciamento. Essa também foi uma das influências de Mourinho. Ele trouxe isso para o futebol – um laço. Os truques que ele criou para desafiar aqueles que ele precisava de desafiar, para ajudar aqueles que ele precisava de ajudar. Acho que todos os treinadores aprenderam muito com Mourinho», acrescentou.
Embora reconheça que não procura «decisões difíceis ou confrontos», Amorim garante que não foge deles. «É assim que eu sou: direto. Tento absorver o que eu gostava num treinador quando era jogador e acho que a honestidade é essencial. E quando treinas um clube como este, precisas de saber tomar decisões difíceis, porque não há mais ninguém para tomá-las. Precisas de ser capaz de tomar decisões difíceis, mas também de explicar cada etapa dessa decisão.»
«Tento encontrar uma conexão com [os jogadores]. Não sou frio [com eles]. Sei como manter as coisas separadas. Posso ser uma pessoa diferente fora de campo e ajudá-los. Serei sempre um amigo, por assim dizer, mas quando chega a hora de trabalhar, sou completamente diferente, e isso não me impede de tomar decisões difíceis porque sou capaz de ser honesto. Posso ser amigo deles, mas se for preciso, tomarei decisões difíceis, como deixar jogadores de fora ou deixá-los sair», vincou.
O treinador português também elogiou Bruno Fernandes, que é «um exemplo» para o restante plantel dos «red devils».
«Vemos a maneira como ele fala com os companheiros de equipa, às vezes é duro com eles, mas é uma forma de ajudá-los», admitiu.
Quanto à final da Liga Europa com o Tottenham, Amorim acredita que os adeptos do Manchester United «precisam desta vitória» para olharem para o treinador «de uma maneira diferente».
O português recordou ainda a final perdida enquanto jogador do Benfica, em 2014, diante do Sevilha.
«Foi obviamente um momento muito especial. Lembro-me dos nossos preparativos durante a semana, com todas as entrevistas. Quando tento lembrar-me de momentos específicos do jogo, não consigo. O que sei é que não tirei nada daquilo, nada. Nunca posso dizer que fui finalista. Não quero dizer isso. Esses jogos têm de ser vencidos e, se não vencermos, só resta tristeza», lamentou.