Luís Castro, agora no Al Nassr, fala do trabalho feito no clube e mostra confiança no título no Brasileirão
O treinador português Luís Castro, que em julho saiu do Botafogo, líder no Brasileirão, para assumir o comando técnico do Al Nassr, revelou ter recebido várias propostas antes da ida para a Arábia Saudita, mas que quis, na altura, continuar no Brasil por mais tempo porque ainda havia «coisas a consolidar».
«Houve outras propostas e várias: o ano foi rico em propostas, o ano do trajeto Botafogo. Foi muito visível. Achava que ainda havia coisas que tínhamos de consolidar, mesmo no defeso, na transição de época e que era importante fazer. Depois de feito e de sentir, ok, aí já se pode pensar noutras coisas. O contrato prevê, tem alíneas. Aí já podemos pensar. Para mim as coisas estão muito claras na minha cabeça», disse, em entrevista ao Canal GOAT, na qual falou também do compatriota Cristiano Ronaldo.
Luís Castro ilustrou também as semelhanças dos projetos no Botafogo e no Al Nassr ao nível da «construção da equipa» e de «organização» e o muito que foi melhorado no clube brasileiro: desde a ementa no almoço aos banhos, passando pela limpeza nos balneários.
«Tenho lá muita gente que eu gosto. E gosto muito do clube. Mas isso não invalida o que eu fui vendo, de qual o momento da minha vida que estaria adequado à minha saída ou não. E aparece a proposta do Al Nassr com um projeto um pouco parecido ao Botafogo, um projeto de construção de uma equipa, de uma organização, de estabilizarmos a equipa num nível alto para lutarmos por coisas grandes, deitar o olho sobre uma academia. Exatamente um Botafogo, de uma dimensão muito parecida, com jogadores que são desafiantes e desafios diferentes», começou por dizer.
«O Botafogo era uma equipa para adquirir jogadores e construir um elenco, com poucas infraestruturas. Aqui [ndr: no Al Nassr] construir essa equipa, mas com infraestruturas melhores. Mas construímos [no Botafogo]. Ao fim de oito meses conseguimos ter um balneário, ao fim de 15 dias conseguimos deixar que o almoço fosse sandes de carne e passar a ser três pratos num refeitório. Conseguimos deixar de tomar banho de água fria para passar a água quente no sítio onde me equipava. Deixei de ter os bichos lá dentro, centopeias e tal, passei a ter um sítio mais limpo. Pronto, construímos. E hoje é um clube credível, o mundo olha com respeito e embora não tenha perdido o seu prestígio nunca, o seu prestígio ficou mais brilhante, tudo com trabalho de todos. Não é um trabalho do Luís: é um trabalho, do Luís, dos adeptos, do staff. Eu só propus algumas coisas e as pessoas agarraram», concluiu.
Na mesma entrevista, Luís Castro mostrou ainda crença no título do Botafogo no Brasileirão esta época e até falou das «medalhas» a atribuir caso se confirme o êxito.
«Uma medalha para o [Cláudio] Caçapa, uma para o Luís Castro e três medalhas para o Bruno [Lage] acho que ficava bem. As medalhas nas nossas vidas estão muito mais no que sentimos e no reconhecimento do que na medalha em si. A época passada é decisiva para o que está a acontecer este ano. Foi uma época de crescimento, de doutrinar tanta gente lá dentro, que estava sofrida, desconfiada, que não tinha sido respeitada muito tempo. As pessoas tinham estado muito tempo sem receber, sem condições. Foi maior esse trabalho do que montar um elenco. Vai ser campeão, vai ser uma grande festa, merecem todos», respondeu.