Bruno Lage falou sobre as mudanças do mercado de transferências nos últimos anos
Quase um mês após ter sido despedido do Benfica, Bruno Lage participou na Portugal Football Summit, da Federação Portuguesa de Futebol, onde apresentou uma reflexão aprofundada das equipas B em Portugal e do mercado de transferências.
O treinador diz que, se não houver «visão de longo prazo em Portugal», os clubes terão de ser vendidos a investidores, perdendo a propriedade, ou então repensar o modelo das equipas B (e até apresentou uma solução - a compra de clubes satélite para rodar jogadores e criar mais-valias).
Com apoio de uma apresentação, Bruno Lage identificou três problemas do mercado atual. O primeiro viveu na pele, com a transferência do pretendido João Félix para o Al Nassr.
«Há as ameaças do mercado saudita, com uma grande capacidade financeira. Já não contratam jogadores com 30 anos, mas também na casa dos 20, como João Félix ou Rúben Neves», disse.
«Depois, o poder económico dos clubes brasileiros também mudou. Os jogadores são negociados a outro preço», dificultando a transferência para Portugal. Por fim, Lage falou do fenómeno multiclube.
«O grupo Red Bull é o mais conhecido, mas há muitos mais. São concorrentes aos clubes grandes portugueses tanto do lado das compras como das vendas», avisa o treinador.
E depois... há a inflação. «No ano passado, Kokçu tornou-se o jogador mais caro do Benfica. Recentemente, foi ultrapassado por Richard Ríos e depois por Sudakov. Isto acontece no mercado e nas coisas mais banais. Bebemos um café ao nível do ordenado dos nossos pais há 40 anos», lamenta.
Ao nível pessoal, Lage voltou a reforçar a ideia já dada publicamente de que só aceitará um próximo desafio tendo em conta o plano familiar. «Para fora, terá de ser algo em que nos possamos apaixonar, mas simultaneamente ter a família perto», terminou.