Lula ataca Bolsonaro por falhar relações com Portugal: “Destruíram tudo, como se fosse uma praga de gafanhoto”

22 abr 2023, 19:29

Lula da Silva e António Costa destacaram a importância de serem retomadas as relações entre Brasil e Portugal. O brasileiro optou por centrar o discurso no ataque ao antecessor, Jair Bolsonaro

O presidente do Brasil, Inácio Lula da Silva, defendeu este sábado que o país “passou isolado do mundo” durante os últimos quatro anos da liderança de Jair Bolsonaro, reconhecendo que isso colocou em causa as relações com Portugal e o desenvolvimento de acordos bilaterais. “Talvez tenha sido o país mais rejeitado do planeta terra, que ninguém queria receber”, considerou.

Lula da Silva exemplificou com os 13 acordos assinados este sábado no âmbito da 13ª Cimeira Portugal-Brasil, desafiando a plateia a “imaginar” quantos teriam sido se esse encontro se realizasse anualmente, como previsto. A última cimeira bilateral teve lugar há sete anos.

“Eles destruíram tudo em quatro anos, era como se fosse uma praga de gafanhoto atacando o milharal. E nós estamos a reconstruir. Reconstruir é um comportamento português”, referiu na conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro António Costa.

A garantia deixada por Lula da Silva ao Governo português é de que “o Brasil está de volta”, disponível para resolver as divergências entre os dois países “na mesa da negociação”.

E seguiram-se vários ataques ao antecessor Jair Bolsonaro, com que protagonizou as últimas presidenciais brasileiras: “Política é uma coisa um pouco química. A relação humana é uma relação química. Se as pessoas não se conhecem, não conversam olho no olho, não se abraçam, não tocam na mão, a política perde muito valor. A política feita por ‘fake news’ não é política. É monstruosidade, porque temos a prevalência da mentira e não da verdade”.

“Como é que se explica um país não reconhecer a importância de Portugal, não pela grandeza populacional, mas pela importância histórica e geográfica?”, questionou, destacando a importância de Portugal para o acesso brasileiro ao continente europeu.

 

António Costa: “Avançámos no mais importante”

Apesar de deixar a ressalva de que ainda não conseguiu comer bacalhau em Portugal, Lula da Silva quis garantir a Costa de que sentiu o “carinho” nacional. “Nós nos sentimos em casa quando estamos em Portugal. Portugal para nós não é um país estrangeiro. É uma extensão da nossa casa”, explicou.

Também António Costa, que discursou antes de Lula da Silva, quis reforçar este sentimento. “Seja bem-vindo. Esta é a sua casa”, disse, agradecendo por ter escolhido Portugal para a sua primeira viagem enquanto presidente da República. É a primeira visita oficial no cargo, embora Lula da Silva tenha estado em Portugal em novembro de 2022, depois de ganhar as eleições.

António Costa sublinhou a importância desta cimeira bilateral após “sete anos de interrupção”. A escolha da data não foi inocente: foi a 22 de abril que os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, contou.

“Avançámos no mais importante: aquilo que tem a ver com as pessoas”, como a equivalência nos estudos básicos e secundário ou o reconhecimento mútuo das cartas de condução, destacou.

Ao contrário do que estava previsto, não houve qualquer questão aos jornalistas no final da conferência de imprensa. Na posição conjunta, no que respeita à guerra na Ucrânia, os dois países destacaram a necessidade de uma paz “justa e duradoura”.

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