Passos Coelho e Rui Rio foram dos que deixaram as animosidades de lado para participar no "almoço de família" com que Luís Montenegro quis assinalar os 51 anos do PSD
À entrada para o almoço que juntou os anteriores líderes do PSD no dia em que o partido celebra os 51 anos, Rui Rio foi questionado se a sua presença nesta iniciativa é um sinal de apoio ao seu sucessor e de que pôs de lado eventuais divergências com o primeiro-ministro, Luís Montenegro. “Não é pôr de lado, nem deixar de pôr de lado, estamos todos unidos, penso eu, na comemoração destes 50 anos”, respondeu.
Depois, o líder do PSD entre 2018 e 2022 deixou um recado implícito ao Chega, que tem pedido uma oportunidade de fazer diferente da governação das últimas cinco décadas. “Numa altura em que eu tenho ouvido que os partidos tradicionais, entre os quais naturalmente o PSD, falharam nestes 50 anos e é preciso dar novas oportunidades porque foi um falhanço… Os 50 anos não foram um falhanço, Portugal hoje, em 2025, não tem comparação com o que era em 1974”, defendeu.
O antigo autarca do PSD salientou que “grande parte desse trabalho” foi feito pelo PSD, quer no Governo, quer na oposição. “Que nós temos problemas, que Portugal tem problemas, e os partidos tradicionais se têm de adaptar a esses novos problemas e ter coragem de resolver, é verdade. Coisa diferente é dizer que os 50 anos foram um desastre”, salientou, recusando-se também a comentar as polémicas que envolvem Luís Montenegro.
Já Manuela Ferreira Leite referiu-se à questão política que, na sua perspetiva, está em causa nas próximas eleições legislativas. “Considero que as pessoas têm lucidez suficiente para saber que não é possível fazer progredir o país numa instabilidade permanente. Portanto, vão ter duas escolhas: ou votar na AD [coligação PSD/CDS] ou entrar numa situação que impossibilita qualquer estabilidade”, disse.
Marques Mendes concordou. “Nestas eleições de 18 de maio, uma parte grande dos portugueses vai votar sobretudo a pensar na estabilidade. As pessoas estão preocupadas com a falta de estabilidade e entendo que uma parte grande dos votos, como talvez nunca tenha acontecido no passado, vai ser a pensar em estabilidade”, considerou. "O país não pode andar ano a ano em eleições. Não pode mesmo. Com um contexto internacional que é difícil, incerto e instável, não devemos importar mais instabilidade do que aquela que temos. Não devemos acrescentar instabilidade à instabilidade que vem lá de fora”, advertiu.
Interrogado se iria dar conselhos a Luís Montenegro, durante o almoço, para o resto da campanha das legislativas, Marques Mendes respondeu imediatamente: "Não, essa minha parte de comentador acabou", garantiu, explicando que este era como "um almoço de família".
A chegada conjunta de Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes à sede do PSD, em Lisboa, motivou também alguns momentos de humor. A antiga ministra das Finanças e da Educação manifestou-se surpreendida com a pontualidade de Marques Mendes: “É o que dá querer ganhar eleições”, disse, numa alusão às Presidenciais de 2026.
“Quero ser o primeiro a chegar”, retorquiu Marques Mendes, que também ouviu um comentário do atual líder, Luís Montenegro, sobre o facto de ter sido o primeiro dos antigos presidentes do partido a chegar ao almoço. “É um homem novo”, observou com um sorriso Luís Montenegro.
Marcelo achou que, como Presidente, não deveria estar num momento partidário
O atual presidente do PSD, Luís Montenegro, recebeu os antigos líderes à entrada da sede nacional do partido. “Nenhum disse que não", esclareceu. Francisco Pinto Balsemão e Rui Machete não estiveram presentes por motivos de saúde. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que como Presidente da República não deveria "ter uma participação partidária numa altura em que estamos em campanha eleitoral”.
Durão Barroso não esteve presente no almoço devido a compromissos profissionais fora de Portugal, mas enviou uma mensagem a Montenegro: “Quero aproveitar esta ocasião, dada a proximidade com as eleições legislativas, para lhe enviar esta mensagem de apoio e amizade e de melhores votos para esse tão importante acontecimento político”, afirmou.
O antigo presidente da Comissão Europeia salientou que a atual situação internacional “tão difícil e exigente” colocam o país perante opções extremamente delicadas do ponto de visto político e económico. “Neste contexto, impõe-se a eleição de um primeiro-ministro com integridade pessoal, experiência governativa, competência e capacidade política, qualidades que o meu amigo já muito claramente demonstrou ter”, sublinhou. O antigo primeiro-ministro considerou ainda que Portugal precisa de “estabilidade política e de um rumo governativo claro e firme”.