Luís Montenegro aponta ainda a existência de três "ministros moribundos" após as novas revelações e confissões da CEO da TAP - que o Governo despediu pela televisão há um mês mas que ainda continua em funções
“Mentira, logro, indecência, displicência, promiscuidade e desonestidade.” Foi com estes seis termos que o presidente do PSD classificou a gestão do dossiê da indemnização de 500 mil euros paga pela TAP a Alexandra Reis.
Na reação à comissão de inquérito ao caso - na qual foi ouvida esta terça-feira a ainda CEO da empresa, Christine Ourmières-Widener -, Luís Montenegro considerou que existem “escandalosos abusos da maioria absoluta” do PS, acusando os socialistas de instrumentalizarem o Presidente da República, que é visto pelo Governo como um “peão do PS ao serviço da sua agenda”. Na base das declarações do social-democrata está um e-mail.
Na terça-feira, a CEO da TAP não negou ter chegado à empresa um e-mail do ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes a pedir para adiar um voo de Moçambique, que tinha como passageiro o Presidente da República, que, alegadamente, precisava de ficar mais dois dias em Maputo.
Segundo o email, citado pelo deputado Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, Hugo Mendes sublinhava que era importante manter Marcelo Rebelo de Sousa como aliado da do Governo - e que era preciso mudar esse voo para evitar que o Presidente se tornasse "um pesadelo". Christine Ourmières-Widener terá tido uma "reação espontânea" de recusar o pedido, mas quis perceber a posição do Governo, uma vez que se tratava do chefe de Estado.
O deputado da Iniciativa Liberal leu então a resposta de Hugo Mendes: "Bom dia, sei que isto é um incómodo para ti mas não podemos mesmo perder o apoio político do Presidente da República. Ele tem-nos apoiado no que diz respeito à TAP, mas se o humor dele mudar, tudo se perde. Uma frase dele contra a TAP ou o Governo e ele empurra o resto do país contra nós. Não estou a exagerar. Ele é o nosso principal aliado político, mas pode transformar-se no nosso pior pesadelo".
Entretanto Marcelo Rebelo de Sousa já veio negar ter feito qualquer pedido para que fosse alterado a referida ligação.
Ministros "moribundos" e Governo ao estilo DDT
Luís Montenegro criticou especialmente a reunião ocorrida entre os gabinetes dos ministérios das Infraestruturas e dos Assuntos Parlamentares com a CEO da TAP na véspera de uma comissão parlamentar de Economia.
“Os gabinetes de João Galamba e de Ana Catarina Mendes promoveram e participaram numa reunião do PS com a CEO da TAP. São mais dois ministros moribundos. Estes comportamentos, ao estilo DDT (Donos Disto Tudo), expõem um ambiente institucional poluído pelos abusos de poder próprios das visões totalitárias do Estado”, afirmou, falando especificamente daquilo que entendeu ter sido promiscuidade por parte do Governo.
Luís Montenegro pede ao primeiro-ministro uma “posição pública face a estes acontecimentos”, questionando António Costa sobre qual o medo que o faz não dar explicações.
Detalhando as críticas feitas ao Governo, o social-democrata acusou Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação à data da indemnização paga a Alexandra Reis, de ter sido “pedra fulcral” no valor da indemnização, mas que “fingiu nada saber”.
O presidente do PSD reiterou que o “PS está sempre empenhado em enganar o país”, vendo aí o logro referido no início, e que se ali à indecência de um Governo que “não nutre qualquer respeito pela ainda CEO da TAP". Um padrão “que não é digno de um Governo de bem, nem de um Governo de boa-fé”.
“Quando eu for primeiro-ministro, comportamentos destes não passarão incólumes”, afirmou, sugerindo que há três ministros diminuídos politicamente: Fernando Medina, João Galamba e Ana Catarina Mendes.