Montenegro teve de esperar mais do que queria mas conseguiu mesmo falar para fazer três promessas

14 ago, 22:19

Reformas, transportes e saúde foram as áreas escolhidas pelo primeiro-ministro para marcar a rentrée política na Festa do Pontal

Começou com o rol de medidas que o Governo tem vindo a aprovar e a anunciar e terminou com mais três promessas que os portugueses vão poder ver em breve. O primeiro-ministro anunciou mudanças na saúde, nos transportes e nas reformas, encerrando de forma triunfal o discurso na Festa do Pontal, mesmo que dificuldades técnicas o tenham feito esperar mais que o previsto.

Quando subiu ao palco cheio de vigor, Luís Montenegro foi rapidamente cortado pela máquina. O microfone deixou subitamente de funcionar e o que arranjaram de substituição também não quis ajudar. “Conspiração”, gritava-se ao fundo, “uma falha elétrica”, esclarecia-se mais tarde.

O chefe do Governo aproveitou para meter uma graça: “Nos momentos mais difíceis” nunca perde a “serenidade”, até porque está ali, como os ministros que tinha à sua frente a ouvi-lo atentamente, “para resolver os problemas”.

Uma falha que não permitiu um anúncio em crescendo. Talvez ainda irritado pela demora, Luís Montenegro passou de forma pouco efusiva por medidas como o anúncio da alta velocidade na ferrovia ou a descida no IRS. As bem-sucedidas negociações com as forças de segurança ou o avanço nas conversas com os profissionais de saúde também não o fizeram exultar.

“Quando regulamos a imigração para dignificar os imigrantes que vêm a Portugal para trabalhar, quando promovemos a habitação que favorecem os mais jovens, quando regulamentamos o Alojamento Local, quando baixámos os impostos sobre os rendimentos do trabalho e a fiscalidade sobre as empresas, estamos a tratar estratégica e estruturalmente do futuro de Portugal. Não estamos a tomar medidas menores”, afirmou, passando aí a primeira bicada à oposição.

Luís Montenegro vê “desonestidade intelectual” nos que criticam o estado da saúde “com uma tese tão absurda que nem vale a pena”, rejeitando que o Governo tenha prometido resolver tudo de imediato, mas lembrando que foram dados 60 dias para colocar um plano em prática e que esse plano está mesmo em prática.

“Essas pessoas acham que no PSD são estúpidos? E que quem esteve oito anos não fez. Porque se fosse fácil, eles tinham feito”, disse.

Daí, como seria de esperar e até já tinha sido bandeira na visita ao Hospital de Santa Maria, o primeiro-ministro puxou das mais de 20 mil cirurgias oncológicas já realizadas e das mais de 20 mil chamadas de grávidas atendidas.

E foi na saúde que saiu a primeira promessa: a abertura de 1.684 vagas anuais para estudantes de medicina, quando tanto se fala na falta de médicos, e com o primeiro-ministro a divulgar que se espera a saída de cerca de 4.500 médicos do Serviço Nacional de Saúde nos próximos três anos.

A segunda promessa, essa, é na ferrovia, nos transportes. O Governo vai apresentar um Plano de Mobilidade Verde para facilitar a deslocação dos portugueses, mas colocando sempre os olhos na mobilidade sustentável.

Para isso, e apostando na utilização do comboio, Luís Montenegro anunciou a criação de um passe mensal de comboio para todo o país. De acordo com o chefe do Executivo, um português pode pagar apenas 20 euros por mês para viajar quanto quiser em todo o país nos serviços de comboio regionais, inter-regionais ou intercidades.

“Quem quiser ir de Braga a Faro, poderá ir por 20 euros por mês”, atirou, dando um exemplo como muitos outros.

Uma medida que ainda falta perceber exatamente como se vai aplicar, mas que promete tornar as viagens de comboio bem mais atrativas. Para se perceber, atualmente uma viagem de comboio entre Lisboa e Porto pode custar cerca de 26 euros num Intercidades, enquanto, ao que tudo indica, esse custo vai diminuir para 20 euros únicos para várias viagens.

Tudo isto num discurso que terminou com a que será a medida mais importante, até pela histórica ligação do PSD a um eleitorado mais velho. No fim dos 20 minutos na Festa do Pontal, Luís Montenegro anunciou um "suplemento extaordinário" que será pago no mês de outubro e que será de 200 euros, para quem tenha pensão até 509,26 euros, de 150 euros para as pensões entre 509,26 e 1018,52 euros e 100 euros para as pensões entre 1018,52 e 1527,78. Prometeu ainda subir para 820 euros o Complemento Solidário para Idosos até ao ano de 2028.

O chefe do Governo afirmou que a sua “vontade” seria que estes valores pudessem responder a um aumento das pensões de “forma permanente” para os próximos anos, mas que isso não é possível neste momento.

“No próximo ano, se tivermos uma situação financeira igual, ou melhor, tomaremos [decisões] de acordo com essa disponibilidade, e vamos fazer assim, acompanhando o aumento legal das pensões, com uma gestão equilibrada das contas públicas”, sublinhou.

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