"É uma pouca-vergonha. Repito: é uma pouca-vergonha": Montenegro sobre os novos desenvolvimentos no caso Spinumviva

7 out, 20:31
Parlamento: Debate quinzenal com a presença do primeiro-ministro Luís Montenegro (Lusa/ António Cotrim)

Primeiro-ministro estranhou o timing, lembrando que vêm aí eleições autárquicas

O primeiro-ministro ficou “estupefacto” com a notícia avançada pela CNN Portugal, que dá conta da intenção dos procuradores que investigam o caso Spinumviva em pedir a abertura de um inquérito.

A partir de Albufeira, onde se encontra a participar na campanha para as eleições autárquicas, Luís Montenegro estranhou o timing, lembrando esse mesmo sufrágio, que ocorre no próximo domingo.

“Estou completamente tranquilo, embora absolutamente estupefacto e mesmo revoltado com o teor das notícias, que a virem de alguém ligado ao processo configuram uma situação que é uma pouca vergonha, de uma deslealdade processual, democrática, que é intolerável e que eu não aceito de maneira nenhuma”, disse.

Dizendo por três vezes que esta informação é “uma pouca vergonha”, o chefe do Governo vê neste caso em concreto uma das “fragilidades” da democracia.

“Configura uma situação que é uma vergonha, uma deslealdade processual, democrática. Não sei qual é a fonte da notícia. Todos os esclarecimentos pedidos são dados. Aguardarei a análise”, acrescentou, para depois vincar que sente que se trata de uma “pouca vergonha”.

“O resto é simplesmente uma pouca vergonha, eu vou repetir: é uma pouca vergonha”, reiterou.

O líder do Governo assegurou que estas notícias “não o intimidam” e pediu aos portugueses que “não se deixem levar por manobras” – que classificou como obscuras – “a três ou quatro dias do encerramento de uma campanha eleitoral e de uma escolha que devem fazer em total liberdade”.

Montenegro disse que não será ele “a quebrar a relação de lealdade entre todos os intervenientes processuais”, mantendo-se disponível “para prestar todos os esclarecimentos”.

“É mesmo muito revoltante que se lancem mais uma vez insinuações, suspeitas, absolutamente infundadas”, disse, dando como exemplo as referências às suas férias no Brasil com a sua família.

Sobre este tema, o líder do executivo PSD/CDS-PP afirmou que “não foi recebido um cêntimo de ninguém” que não fosse do seu bolso e da sua mulher, que o acompanhou neste dia de campanha.

“Era o que me faltava que, por alguma razão, se estivesse a lançar esta nuvem”, disse.

Luís Montenegro disse assistir a “manobras obscuras” sem “perceber de onde vêm”, mas com a convicção de que haverá um momento “em que tudo poderá ser clarificado”-

“Todos iremos concluir que a democracia tem vulnerabilidades, tem fragilidades, e esta é uma delas, a de se lançarem atoardas, suspeitas, insinuações, não identificadas”, afirmou, dizendo referir-se quer às que originam os processos em curso no Ministério Público, quer as “passadas à imprensa”.

Montenegro terminou a sua declaração – sem responder às perguntas que os jornalistas ainda colocaram – com uma mensagem “às portuguesas e aos portugueses”.

“Não me intimidam, continuarei a fazer o meu trabalho como presidente de um partido, como primeiro-ministro, a olhar para o futuro de todos nós”, afirmou.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu hoje que a averiguação preventiva relacionada com a empresa Spinumviva está em curso e o Ministério Público aguarda ainda documentação, pelo que a averiguação continua.

"Não há, assim, neste momento, qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao Procurador-Geral da República neste domínio", refere um comunicado da PGR.

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