Chefe do Governo sublinha que muitas vezes ocorrem reuniões com "discrição"
O gabinete do primeiro-ministro veio esclarecer a reunião desta segunda-feira com o presidente do Chega, depois de o secretário-geral do PS ter vindo dizer que os socialistas não faziam "reuniões secretas".
Numa pequena nota à imprensa, o chefe do Governo fez saber que "não há reuniões secretas na Residência Oficial do primeiro-ministro".
"Há encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social", acrescenta a nota.
Ao início da tarde, a CNN Portugal noticiou um encontro entre o primeiro-ministro e o líder do Chega, com imagens de um carro a sair da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, pelas 13:00.
Pouco antes, André Ventura tinha acusado, em conferência de imprensa, o Governo de não ter interesse em fazer nenhuma negociação orçamental e querer provocar eleições, numa ocasião em que criticou quer Luís Montenegro quer o líder do PS, Pedro Nuno Santos.
“Os dois querem sair desta novela do orçamento o melhor possível, sem se responsabilizar pela crise política que o Presidente da República já anunciou que virá se não houver orçamento. É deste espetáculo que o Chega está fora, porque percebeu desde o primeiro momento que o Governo não queria, na verdade, negociar com ninguém”, tinha dito Ventura.
No domingo, foi marcada a primeira reunião entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, para debater o OE 2025, que se realizará na sexta-feira, às 15:00.
A informação foi transmitida à Lusa por fonte do executivo cerca de uma hora depois de o primeiro-ministro ter enviado um comunicado às redações a acusar o secretário-geral do PS de “indisponibilidade recorrente” para uma reunião sobre o documento, alegando que está a tentar marcar esse encontro desde 4 de setembro.
Em resposta, o líder do PS acusou o Governo de provocar os socialistas com um “comunicado inaceitável” sobre o processo negocial do Orçamento do Estado para 2025 e querer criar uma “indesejável instabilidade política”, rejeitando alimentar “discussões infantis e estéreis”.
No comunicado, o PS refere que “o Governo sugeriu a realização de reuniões em dois momentos entre o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, reuniões que não tiveram lugar”.
“Da primeira vez, a reunião não aconteceu porque não haviam sido enviados a tempo os dados sobre as contas públicas exigidos pelo secretário-geral do PS para se iniciar o processo negocial. Da segunda vez, na passada quarta-feira, o Governo recuou na marcação da reunião quando o PS exigiu que da mesma fosse dada conhecimento público prévio”, escrevem.
Já hoje, à margem de uma visita às áreas afetadas pelos incêndios em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, Pedro Nuno Santos PS salientou que é essencial para os socialistas que qualquer reunião que venha a acontecer com o Governo seja do conhecimento público prévio.
“Não há, nem pode haver reuniões secretas”, defendeu.
Na mesma ocasião, Pedro Nuno Santos afirmou que só não haverá Orçamento de Estado para 2025 se o PSD não quiser: “Eu quero deixar claro que não é por causa do PS que não haverá Orçamento de Estado, só não haverá Orçamento de Estado se o Governo não quiser e só haverá eleições antecipadas se o Governo ou o senhor Presidente da República quiserem”, disse.
A proposta de Orçamento do Estado para 2025 tem de dar entrada na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP (partidos que suportam o executivo liderado por Luís Montenegro) somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento.