Primeiro-ministro reage às críticas que têm sido apontadas à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, nos últimos dias devido às falhas ou atrasos na resposta do serviço 112 e no encaminhamento para o CODU
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu esta sexta-feira que os problemas no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) “não se resolvem” demitindo a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, referindo que isso se aplica a “todos os membros do Governo”.
“A consequência política, quando há problemas, é resolvê-los, essa é a consequência política. A consequência política não é, para ser direto a responder à sua pergunta, mudar pessoas para o problema continuar, é o contrário, é resolver o problema para que nós possamos continuar cada vez mais a prestar bom serviço”, salientou Luís Montenegro.
Falando aos jornalistas portugueses em Budapeste, no final de uma reunião informal do Conselho Europeu realizada na capital húngara devido à presidência rotativa do Conselho assumida pela Hungria este semestre, o primeiro-ministro reforçou a ideia: “Os ministros estão no Governo para resolver problemas, não é para se arrastarem e tentarem, no fundo, contornar os problemas para que, eventualmente, mudando os protagonistas, os problemas subsistam”.
Questionado sobre outras tutelas relativamente às quais existem críticas sobre governantes, nomeadamente a Administração Interna, Montenegro respondeu que estava a referir-se a “todas as áreas”.
“É exatamente por isso que eu nem sequer lhe estou a falar em concreto desse membro do Governo, estou a falar de todos os membros do Governo”, pois “todos somos confrontados diariamente com problemas que são grandes”, concluiu o chefe de Governo.
A ministra da Saúde tem estado nos últimos dias a ser alvo de críticas devido às falhas ou atrasos na resposta do serviço 112 e no encaminhamento para Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), do INEM, que já terão levado à morte de pelo menos seis pessoas.
Esta sexta-feira, Luís Montenegro disse ainda não ter tido conhecimento, anteriormente à sua publicação, do pré-aviso greve às horas extraordinárias desde 30 de outubro – entretanto suspensa – dos técnicos de emergência pré-hospitalar, rejeitando também que se tenha perdido tempo para desmobilizar o protesto.
“Não se andou a perder tempo. […] Não é uma questão de demorar tanto tempo [porque] nós estamos em diálogo permanente com todas as áreas e profissionais da administração pública, [mas] evidentemente que nós não podemos andar todos os dias atrás de pré-avisos à greve e a fazer reuniões de emergência”, referiu o primeiro-ministro, frisando que “a situação não foi descurada”.
A greve foi suspensa na quinta-feira, dia em que a ministra da Saúde convocou o sindicato representativo dos técnicos para uma reunião, a qual levou à assinatura de um protocolo negocial com a tutela.
Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.
O Ministério Público abriu um inquérito à morte de uma mulher no Hospital Garcia de Orta, em Almada, para onde foi transportada na segunda-feira pela PSP, após o INEM não responder ao pedido de socorro.
“Neste momento a minha obrigação é dar respostas, é isso que nós estamos a tentar fazer todos os dias. Foi isso que fizemos já em vários setores da administração pública, é verdade que não conseguimos resolver tudo e não conseguimos resolver tudo de forma rápida”, afirmou ainda Luís Montenegro em Budapeste.