Montenegro fez acordo para pagar 250€/noite em hotel de cinco estrelas e garantir que estaria "disponível sempre que fosse necessário". Entretanto mudou-se para quarto "sombrio" em São Bento

10 mar, 22:05

Alojamento levaria uma fatia considerável do salário do primeiro-ministro se ele ficasse no hotel de luxo em Lisboa durante apenas três noites por semana. Pressão dos jornalistas levou Montenegro a equacionar a residência oficial. “Achei que tinha direito a ter uma vida mais privada”, confessou

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, revelou que fez um acordo com o grupo hoteleiro Sana para conseguir pagar “250 euros por cada noite” passada num hotel de cinco estrelas no centro de Lisboa. E para garantir ainda que o alojamento estaria “disponível” “sempre que fosse necessário".

A revelação foi feita na entrevista dada à TVI/CNN Portugal, a primeira desde o início da atual crise política. Quem pagou? “Eu próprio”, respondeu.

Depois de a situação se ter tornado pública, informou Montenegro, mudou-se para o quarto que havia disponível na residência oficial, o Palacete de São Bento.

“Decidi ir para o hotel para poder desfrutar de algumas horas fora do sítio onde passo o dia a trabalhar e ter algum recato. A partir do momento em que passei a ter as câmaras de televisão à porta do hotel, decidi experimentar uma coisa que nunca tinha experimentado, que é viver neste edifício”, afirmou.

Montenegro estava alojado no hotel Epic Sana conhecido por ser o quartel-general de muitas noites eleitorais do PSD, onde a diária costuma estar acima dos 300 euros. Ou seja, Montenegro, devido ao “acordo” feito com o grupo hoteleiro, estava a poupar face aos valores de mercado.

Embora Montenegro tenha referido que o alojamento está “disponível” “sempre que necessário”, conclui-se do discurso do primeiro-ministro de que não estava em permanência nesta unidade hoteleira.

Até porque o salário de primeiro-ministro não permitiria pagar esse tipo de permanência. Mas façamos contas para perceber melhor este investimento.

Se Montenegro passasse três noites por semana no hotel, gastaria 750 euros. Ao fim de quatro semanas, seriam 3.000 euros ao mês. O salário de primeiro-ministro está fixado por lei nos 5838,21 euros brutos, a que se juntam despesas de representação. Deste modo, comprova-se que o alojamento num hotel de cinco estrelas levava uma fatia considerável do rendimento do chefe de Governo.

“Por acaso já estou aqui na residência em São Bento. Decidi ir para um hotel, achei que tinha direito a ter uma vida mais privada, mais recatada”, disse, depois de ser confrontado sobre os motivos que o levavam a estar num hotel de cinco estrelas, em detrimento da residência oficial, enquanto as casas que a sua família comprou na Lapa estão em obras.

O quarto em São Bento, descreveu, “não tem cortinas, tenho de ficar um bocadinho mais sombrio”.

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