Depois de ter disputado as eleições internas de 2020 e do silêncio desde então, Luís Montenegro subiu ao palco do Europarque e fez vários pedidos
Dois anos depois de um silêncio "autoimposto", Luís Montenegro subiu ao palco do 39.º Congresso do PSD e pediu a Rui Rio para, a 30 de janeiro, fazer com António Costa aquilo que fez nas três eleições internas que enfrentou e ganhou.
"Já demonstrou cá dentro que consegue ser eficaz e aproveitar oportunidades para ganhar eleições diretas e eu que o diga. E que o diga também Paulo Rangel. Portanto, Rui Rio, o que queremos é que faça o mesmo a António Costa e ao Partido Socialista".
"Use a eficácia dos argumentos, utilize as oportunidades que estão em aberto", aconselhou ainda.
Mas o pedido de Montenegro não ficou por aqui: disse ainda ao presidente do PSD para utilizar "a força que vem de dentro do partido" para procurar "a força que está dentro dos portugueses", porque só assim o partido sairá vitorioso nas próximas legislativas.
Garantias de Costa
O social-democrata avisou que "é preciso exigir respostas concretas de António Costa” sobre compromissos assumidos entre o PSD e os socialistas, nomeadamente na viabilização de orçamentos do Estado em caso de um governo minoritário.
"O PS e António Costa têm de garantir que farão o mesmo connosco. Têm de dizer de uma forma clara e cristalina se fazem o mesmo connosco”, reforçou. O momento dessa clarificação, disse, é na campanha eleitoral.
Montenegro aproveitou também para exigir que se faça ao PS as mesmas perguntas que são feitas ao PSD: com quem quer coligar-se? Com quem quer negociar? Como vai suportar no Parlamento um governo minoritário?.
Ainda assim, o militante pediu a Rui Rio uma "maioria parlamentar não socialista".
"O país não precisa de um bloco central de governo e ainda menos de um bloco central de interesses, mas precisa de um bloco central de políticas, só que o PS não quer", por isso, a única "via verde disponível é uma maioria absoluta nas legislativas".
"Estive sempre perto. Calado, mas perto"
As primeiras palavras do discurso de Montenegro foram a jutificar o seu afastamento da esfera política ao longo dos últimos dois anos, garantindo, no entanto, que "esteve sempre perto, calado, mas perto".
"Estive perto dos que precisaram e dos que me procuraram (…) Quero dizer-vos que o silêncio, que solitariamente me autoimpus, foi o meu contributo para atingirmos um bem maior. Um PSD mais tolerante, com menos ódios mesquinhos, menos intrigas e teorias da conspiração".
Fê-lo não porque queria um "reconhecimento ou louvor", mas porque entendeu que os militantes, congressistas, delegados e observadores mereciam essa explicação. "O meu propósito é ajudar o PSD, ajudar o líder Rui Rio e ajudar Portugal".