Montenegro acusa Costa e PS de “fanatismo político” e negação da realidade

Agência Lusa , AG
22 mai 2023, 20:23
Luís Montenegro (José Sena Goulão/Lusa)

Líder social-democrata diz que há um "sinal para o PS e o primeiro-ministro ouvirem com mais atenção"

O presidente do PSD acusou esta segunda-feira o primeiro-ministro e o PS de reagirem ao discurso de Cavaco Silva com “fanatismo político” e negação da realidade, dizendo que as dificuldades das famílias e a degradação das instituições não são artificiais.

Em declarações aos jornalistas à entrada para um jantar no âmbito das Jornadas Parlamentares do PSD, no Funchal, Luís Montenegro respondeu a António Costa, que acusou o ex-Presidente da República Cavaco Silva de estar a alimentar “o frenesim” da direita para provocar uma crise política artificial e de procurar interromper ao Governo uma trajetória de recuperação da economia.

“O dr. António Costa, como todo o PS, estão a encarar este momento de uma forma muito fanática e num estado de negação absoluta. Não é artificial haver uma degradação das instituições e do Governo, não é nada artificial o aumento do custo de vida dos portugueses”, afirmou.

Luís Montenegro desafiou António Costa a pronunciar-se sobre “o conteúdo” da intervenção de um ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República que não anda na “refrega política”, nem intervém muitas vezes.

“Devia ser um sinal para o PS e o primeiro-ministro o ouvirem com mais atenção”, afirmou, dizendo não ter ouvido o primeiro-ministro dizer onde é que Cavaco Silva “errou no diagnóstico que fez de Portugal”.

Montenegro apontou entre os problemas dos portugueses que “não são artificiais” o número de portugueses sem médico de família, as listas de espera na saúde, os atrasos na justiça ou a “asfixia fiscal”, considerando que estas críticas são unânimes em toda a oposição e são “o PS e o primeiro-ministro que vivem noutra realidade”.

“Quando o dr. António Costa vem erguer o papão da direita significa que está mesmo nervoso e com medo do que lhe está a acontecer”, criticou.

"Explicações" sobre o SIS

O presidente do PSD insistiu que o primeiro-ministro tem “explicações a dar ao país” sobre atuação das secretas no caso da recuperação do computador do ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, sem afastar uma comissão de inquérito no futuro.

Luís Montenegro respondeu a António Costa, que rejeitou existir contradição entre a sua versão de que não teve conhecimento prévio da atuação do SIS (Serviço de Informações de Segurança) e as declarações do ministro João Galamba.

“Eu considero que este assunto é um assunto grave, considero que faltam explicações ao país quer por parte dos responsáveis dos serviços de informações, quer de quem tem a tutela política, que é o primeiro-ministro”, afirmou Montenegro, considerando que “não basta ao primeiro-ministro dizer que correu tudo bem” porque “toda a gente viu que correu mal”.

O presidente do PSD disse ser necessário saber “quem é que chamou os serviços de informações, porque é que os chamou” e se “há ou não alguma ordem de alguém a caucionar” da parte do Governo a sua atuação.

“Se há, quer dizer que os serviços foram instrumentalizados, se não há e se atuaram por vontade própria, então os serviços estão numa esfera de dependência, diria mesmo de obediência aos membros do Governo que tem de ser explicada”, considerou.

Questionado se o tema justifica a criação de uma comissão de inquérito – depois de o líder parlamentar do PSD ter dito que o partido votará a favor das propostas do Chega e IL e está a ponderar se tem iniciativa própria -, Luís Montenegro voltou a insistir nas explicações de Costa.

“Se não houver essas respostas, já disse que não excluímos outras possibilidades de poder contribuir para que o país saiba a verdade doa a quem doer, mesmo que a dor esteja no Governo e perto do primeiro-ministro”, disse.

Hoje, em declarações aos jornalistas, António Costa disse sobre este caso: “Não tive conhecimento prévio, nem tinha de ter (…) O SIS não me informou de nada, ninguém do Governo foi informado de nada, ninguém do Governo deu ordens e nem o SIS tinha de informar [o Governo] sobre coisa nenhuma, porque não é esse o nível de tutela. E qual a natureza da operação? Tratava-se de uma operação meramente corriqueira e, em regra, os serviços de informações não informam o primeiro-ministro sobre as operações antes de elas serem realizadas”, disse o primeiro-ministro.

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