Montenegro foi ver como se pára o mar, mas antes fez um desvio para ir dar um beijinho à mulher

9 mai, 23:07
Luís Montenegro da Praia do Furadouro, em Ovar (Lusa/ Miguel A. Lopes)

REPORTAGEM || O candidato da AD foi encontrar-se com a mulher, Carla, que está em peregrinação a Fátima. O momento, que Luís Montenegro diz que foi pessoal, não estava na agenda oficial da campanha - mas acabou por ser parte dela

"Antigamente o areal ia por aí a fora, uma pessoa tinha de andar mais de uns 30 metros até chegar ao mar." A distância era tanta que, conta Cristina, "até a areia queimava os pés". Cristina está sentada no muro junto ao mar, a apanhar o sol do fim da tarde. Vem à praia do Furadouro desde criança. Lembra-se das brincadeiras com as amigas, do mar de ondas revoltas, "era um perigo" - mas ela não queria que as férias terminassem. Aos 28 anos deixou São João da Madeira e emigrou para o Luxemburgo. Foi "guardar crianças", enquanto Álvaro foi trabalhar na construção. É lá que têm a sua casa, a filha, o neto, a reforma que lhes paga as contas. Mas sempre que vêm a Portugal vão passear ao Furadouro. "E quando tenho saudades vou ver as câmaras na internet, está a ver ali?, têm câmaras para os surfistas ver o mar", ri-se Álvaro.

"O Furadouro era o chamariz da região", explica José, que também está com a família a passear à beira-mar. "Quase não se arranjava lugar no areal." Ainda agora, se viermos ao domingo de manhã, "isto está repleto de povo", garante a mulher, Laura. "Se eu não fizer uma reserva no restaurante não como antes das cinco da tarde." 

Entretanto, o "mar começou todo a subir" e a praia ficou cada vez mais pequena, "a água galgava o muro e a estrada". Foi por isso que, em fevereiro, começaram finalmente as obras para reforçar a orla marítima - um investimento de 2,58 milhões de euros da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente, que trouxe esta sexta-feira o candidato da AD, Luís Montenegro, até ao local. 

Luís Montenegro visitou a obra na praia do Furadouro, em Ovar foto Lusa/ Miguel A. Lopes

“É uma obra muito importante que está em curso, que é a defesa da nossa costa, numa zona que é particularmente afetada. Nós temos, nos últimos meses, colocado no terreno obras que estavam adiadas há muitos anos aqui na frente da costa de Espinho, de Ovar, e que vão até à Figueira da Foz, onde estamos também a fazer uma obra muito significativa de transposição de areia da parte norte para a parte sul”, disse Montenegro, que visitou o Furadouro, em passo de corrida, acompanhado do deputado social-democrata Salvador Malheiro, ex-presidente da Câmara de Ovar, e do atual autarca do município, Domingos Silva.

“Nos últimos oito anos nem uma máquina vimos no Furadouro. Nem uma. Só com Luís Montenegro no Governo vimos obra no terreno”, congratulou-se Salvador Malheiro

"É uma praia muito bonita, agora tem aqui as obras e não está tão bonita", lamenta Laura, que se mostra um bocadinho cética em relação às obras que estão em curso. "O mar vai para onde tiver de ir, é o que eu acho."

Um desvio para dar um beijinho à mulher (e fazer campanha)

Depois de ter estado de manhã em Porto de Mós, Luís Montenegro almoçou com autarcas sociais-democratas em Pombal, onde voltou a apelar à mobilização de todos. “Se ainda não decidiram, pensem qual é o voto que lhes dá estabilidade e o Governo que eles querem para não acordarem, como aconteceu há dez anos com um Governo diferente daquele que queriam”, disse, referindo-se às eleições de 2015 em que a coligação PSD/CDS venceu mas foi o PS que governou, com um acordo à esquerda. E avisou: “Também aí os parceiros são os mesmos”.

Luís Montenegro foi ter com a mulher, Carla, que está em peregrinação a Fátima foto: campanha AD

Entre Pombal e Ovar, Montenegro acabou por fazer um desvio que não estava previsto no programa oficial da campanha da AD, para ir a Mira ter com a mulher, Carla, que está a caminho de Fátima com um grupo de peregrinos. Aos jornalistas explicaria depois que se tratou de um encontro pessoal. Mas o momento, para o qual foram chamadas as televisões e do qual foram também partilhadas fotografias, acabou por se transformar em mais uma ação de campanha - levando Pedro Nuno Santos a comentar: “Acho que é só triste, é instrumentalizar a fé para fins de campanha de eleitoral, mas diz muito sobre a pessoa que é Luís Montenegro”.

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