Diz que quer dialogar mas que o cordão sanitário ao Chega é para manter. Pede responsabilidade ao PS e de Marcelo espera um convite para formar Governo. Oficialmente ainda não ganhou mas oficiosamente já reclamou vitória - e Pedro Nuno Santos já a concedeu
Luís Montenegro reclamou vitória depois de Pedro Nuno Santos ter assumido a derrota - 79 deputados da AD para 77 do PS. À tangente mas ganhar "é ter mais um voto, sublinhou Montenegro. E por isso quer governar: "A minha expectativa é que PS e Chega não constituam uma aliança negativa para impedir o governo que os portugueses quiseram", afirmou entre aplausos e cânticos de apoio num hotel em Lisboa que serviu de sede à AD.
Questionado sobre a intenção do PS de não viabilizar orçamentos do Estado da AD, tendo por isso de recorrer ao Chega para os aprovar, Luís Montenegro teve resposta pronta: "Noutras ocasiões, o PS diria que era preciso, primeiro, apresentar e ver o Orçamento para depois dizer o que é que se fazia com ele".
Luís Montenegro afirma que não é expectável que o PS "adira às propostas do nosso governo", mas diz que aos socialistas é pedido que "respeite a vontade de portugueses"
O líder da AD deixou ainda uma mensagem ao Presidente da República: "Estamos prontos para iniciar a governação e respeitar a palavra do povo português". O presidente do PSD, de resto, referiu que espera que Marcelo Rebelo de Sousa o indigite.
"É minha expectativa fundada que o senhor Presidente da República me possa indigitar para formar governo", sublinhou Montenegro. "Vencer é ter mais um voto", vincou.
O líder de AD afirma que a coligação está ciente de "que em muitas ocasiões a execução do programa do Governo terá de passar pelo diálogo político na Assembleia da República", pedindo a todos os partidos para assumirem essa responsabilidade, "a começar pelo PS".
"O PS teve muito menos votos e muito menos mandatos. (...) Aquilo que aconteceu com a pronúncia do povo português deve ser interpretado por todos os partidos políticos. A minha expectativa é que estejam todos à altura daquilo que é servir o interesse do país."
Quanto ao Chega, o "não é não" declarado antes da campanha é para manter depois das eleições. "Nunca faria tamanha maldade de não assumir compromissos que assumi de forma clara", acrescentou. Portanto: Chega no Governo está fora de questão.
Já com vários minutos de discurso, Montenegro afirmou que áreas prioritárias para a coligação que lidera são a economia, saúde, educação. Caso a economia melhore, "é possível" que se paguem "melhores salários" e que se "trave a emigração de jovens". Garantiu que vai apresentar e implementar um "programa de emergência" na área da saúde "nos primeiros 60 dias de governo". Sobre a educação, Montenegro foi claro em sublinhar a necessidade de "melhorar" a escola pública.
"Queremos dar estabilidade à escola pública e fazer travar a desigualdade que nos últimos anos se tem vindo a agravar entre aquele que têm professor e aqueles que não têm, aqueles que têm as aprendizagens todas e aqueles que as foram perdendo. É possível haver mais qualidade e exigência na escola pública".