Como o MP suspeita que Vieira e Bruno Macedo prejudicavam o Benfica

8 jul 2021, 16:15
Luís Filipe Vieira

Despacho de buscas menciona um esquema de fraude através de várias sociedades detidas pelo advogado

O despacho de buscas elaborado pelo Ministério Público (MP), a que a TVI teve acesso, ajuda a perceber como alegadamente o presidente do Benfica e Bruno Macedo montavam «esquemas de fraude em proveito de Vieira», de forma a prejudicar a SAD encarnada, o antigo Grupo Espírito Santo, o Novo Banco e o Estado Português.

Bruno Macedo, como se sabe, intermediou várias transferências para o Benfica, mas três delas estão no centro das suspeitas: Derlis González, Claudio Correa e César. Segundo o Ministério Público, estes três negócios terão desviado mais de dois milhões de euros do Benfica, através da realização de pagamentos de forma «excessiva e indevida».

No centro das operações financeiras, estavam sociedades de agenciamento de jogadores e de intermediação. De referir a BM Consulting e a Yes Sports, a nível nacional, e a Astro Sports Managment, Master International, Internacional Sports Fund e Trade In, a nível internacional.

Crê o Ministério Público que Bruno Macedo tinha acesso a estruturas internacionais e que terá forjado documentos para justificar as suas intervenções em operações contratuais e financeiras.

Em particular, a Masters Internacional foi utilizada para parquear mais-valias geradas na venda de Derlis González - transferido do Rubio Nu para a Luz em 2011 - e de Cláudio Correa que veio do mesmo clube para Benfica, em 2012. No total, o valor ascende aos 1,280 milhões de euros e o Ministério Público entende que esta quantia não foi refletida como ganho nas contas da SAD dos encarnados.

Já a Trade In titulou os direitos económicos de César Martins, que chegou ao plantel principal das águias na época de 2014/15 e que agora joga no Farense. Esta empresa é acusada de vender parte dos direitos do atleta à SAD do Benfica «por um valor bastante superior». Isto causou um aumento de custos em Portugal e resultou na diminuição da tributação à SAD dos encarnados em mais de 1,3 milhões de euros.

O Ministério Público apurou, por outro lado, que, entre 2015 e 2016, a SAD pagou diretamente à Masters Internacional mais de 2,6 milhões de euros que foram direcionados para benefício das sociedades detidas por Vieira.  

Contudo, com o intuito de esconder a transferência de fundos para a MI, os suspeitos utilizaram a Internacional Consulting Company, registada em Sousse, na Tunísia, para forjar a existência de faturação emitida e tornar legítima a circulação de fundos.

Por outro lado, Bruno Macedo ter-se-á servido de outra socidade, a Springlabirynth S.A. - com sede em Braga - para receber 830 mil euros, que foram investidos na aquisição de propriedades para o Grupo de Vieira no Algarve, Rio Maior e em Loures - locais onde esta quarta-feira foram realizadas buscas.

Dessa forma, entende o Ministério Público que as sociedades foram instrumentalizadas para parquear ganhos vindos de simulação de negócios, nomeadamente com o Benfica.

Conclui, portanto, o Ministério Público que as verbas que tiveram origem nessas entidades e deram entrada em Portugal ascendem aos 2,49 milhões de euros - um valor que terá sido utilizado ao interesse de Vieira na compra de imóveis, na venda de ativos e na amortização de obrigações.

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