Vice-presidente do Banco Central Europeu diz ainda que a entidade subestimou a inflação e deve agora aumentar as taxas de juro
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou numa entrevista ao jornal Politico, publicada esta terça-feira, que a inflação só irá começar a descer na primeira metade do próximo ano.
"A minha opinião é que a inflação ficará à volta dos atuais 10,7% nos próximos meses. Começará a cair na primeira metade do próximo ano mas, em média, a inflação continuará muito alta. É mais sobre a tendência, em vez de um ponto decimal", afirmou o economista.
Luis de Guindos diz ainda que a entidade subestimou a inflação e deve agora aumentar as taxas de juro.
"Todos subestimámos a dinâmica da inflação. Os preços da energia têm tido muito a ver com a evolução da inflação. Ao olharmos para a trajetória dos preços da energia, podemos explicar uma parte importante da evolução da inflação", disse De Guindos na entrevista.
Na sua opinião, "há uma elevada probabilidade de que o crescimento trimestral no quarto trimestre deste ano seja negativo", e que este crescimento se mantenha assim nos primeiros três meses de 2023, o que significa uma recessão técnica, mas que não será muito profunda.
De Guindos acrescentou que o BCE irá aumentar as taxas de juro para um nível que dependerá dos dados, da evolução da inflação, das condições económicas, da procura e dos preços da energia.
"Vamos continuar a aumentar as taxas para um nível que assegure que a inflação se vai voltar a alinhar com a nossa definição de estabilidade de preços. Temos de fazer o nosso trabalho", acrescentou o vice-presidente do BCE.