Cinco incêndios em 48 horas, cinco mortos e milhares de casas destruídas. Tudo o que se sabe sobre os fogos que assolam Los Angeles

CNN Portugal , ARC com Lusa
9 jan, 16:18
Incêndios em Los Angeles (Allison Dinner/Lusa)

Pelo menos cinco pessoas morreram na sequência dos incêndios e as autoridades norte-americanas acreditam que o número de vítimas vai aumentar

Los Angeles está a amanhecer para um cenário aterrador (são menos oito horas que em Lisboa). Fogo, nuvens negras, fumo e destruição. Em apenas 48 horas, irromperam cinco grandes incêndios e um deles é o mais devastador de sempre a atingir a cidade das estrelas de Hollywood.

De acordo com as autoridades locais, esta quinta-feira regista-se um abrandamento do vento, que está na origem dos fogos descontrolados. Contudo, espera-se um novo intensificar do mesmo ao longo do dia.

Pelo menos cinco pessoas morreram e é esperado que o número não fique por aqui, segundo as autoridades. Cerca de 130 mil pessoas ainda estão sob aviso ou ordem de evacuação e mais de 100 mil foram obrigadas a fugir de casa em várias zonas de Los Angeles, onde cinco frentes de chamas que atingiram gigantescas proporções já destruíram mais de 2.000 edifícios, entre casas e negócios. Para além disso, seis escolas foram encerradas e centros recreativos transformados em abrigos para os que tiveram de deixar tudo para trás.

Há ainda 160 mil casas sem eletricidade há mais de 24 horas e já foi declarado o estado de emergência pelo condado de Los Angeles e pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, que conseguiu luz verde do presidente Joe Biden para obter ajuda federal no combate aos incêndios. Os bombeiros não conseguiram ainda conter os fogos, que assumiram um percurso imprevisível devido aos ventos fortes, que chegaram a atingir 160 quilómetros por hora. Estes são os piores ventos desde 2011.

Imagens de satélite mostram a dimensão das chamas e a extensa área atingida em Los Angeles (Maxar Technologies via Getty Images)

O cenário mais preocupante vive-se no bairro de Pacific Palisades, onde 48 horas depois as chamas continuam sem dar tréguas. Foi o primeiro fogo a começar a lavrar e está neste momento a queimar à beira-mar entre Malibu e Santa Mónica, onde duas escolas já arderam completamente. É o mais destrutivo de sempre a atingir a cidade de Los Angeles, tendo já atingido mais de 11.000 hectares, ou seja, 110 km2, a maior parte em Pacific Palisades (cerca de 7.000 hectares), de acordo com a CNN Internacional.

Tudo começou em Pacific Palisades na terça-feira, quando o vento que apareceu quase do nada foi o suficiente para lançar o caos em Los Angeles. Foram emitidas ordens de evacuação para mais de 30 mil residentes na área, com milhares a serem retirados das suas casas. “Trata-se de um incêndio de rápida propagação nestas colinas de mato denso e a nossa principal preocupação neste momento é que todos sigam a ordem de evacuação”, reagiu, desde logo, a porta-voz dos Bombeiros de Los Angeles, Margaret Stewart, à KABC, filial da CNN.

Em pouco mais de três horas, mais de cinco quilómetros quadrados de terreno já tinham ardido. Mas as chamas não deram tréguas durante as horas seguintes e às 09:40 (hora de Lisboa) o incêndio já tinha consumido 1.789 hectares, ou seja, 17,89 km2 - o equivalente a três áreas do Parque das Nações ou a ilha do Corvo, nos Açores. 

O incêndio de Palisades queima uma árvore de Natal dentro de uma residência no bairro de Pacific Palisades, em Los Angeles (AP Photo/Ethan Swope)

Uma segunda frente de fogo surgiu em Eaton, também na terça-feira, tendo deflagrado perto de Passadena. Consumiu logo 400 hectares, tendo duplicado o seu tamanho em poucas horas e levado à retirada de 100 residentes de um lar de idosos. Neste momento, 48 horas depois, continua ativo, ardendo agora na zona de Altadena-Pasadena, e já queimou, segundo a CNN Internacional, mais de 4.000 hectares.

As autoridades confirmaram na quarta-feira a morte de cinco pessoas devido ao fogo que teve origem em Eaton, na Floresta Nacional de Angeles. Na última conferência de imprensa de atualização da situação, o xerife de Los Angeles afirmou que o número de vítimas mortais "vai subir". Havia ainda registo de um "número significativo de feridos" e um total de 1,5 milhões de pessoas sem eletricidade. “Esta é uma altura trágica da nossa história, aqui em Los Angeles, mas também um tempo em que somos verdadeiramente testados para que se veja quem somos realmente”, disse o chefe da polícia, Jim McDonnel.

Nesse mesmo dia, começou também um incêndio de menores dimensões em Hurst. Esta é a terceira frente de fogo, que neste momento já consumiu cerca de 350 hectares. O incêndio de Lidia surgiu na quarta-feira, tendo também assumido proporções mais pequenas. Quase 140 hectares já foram queimados nesta zona da cidade.

Enquanto amanhecia em Lisboa esta quinta-feira, chegavam as informações de um novo foco de incêndio a surgir num espaço de 48 horas: desta vez em Sunset, que ganhou vida no cimo das icónicas colinas de Hollywood. As autoridades norte-americanas ordenaram aos moradores deste bairro histórico para que abandonassem as suas casas. "Ameaça imediata à vida. Esta é uma ordem legal para sair agora. A área está legalmente fechada ao acesso público", apelou o Corpo de Bombeiros de Los Angeles.

Incêndios que atinge Sunset ganhou vida no cimo das icónicas colinas de Hollywood (Getty Images)

No meio do caos, várias celebridades norte-americanas, que foram apanhadas pelos fogos, relataram horas de desespero. É o caso de Mandy Moore, conhecida do público pela participação em “This is Us”, que revelou que ela e a sua família tiveram de sair de casa, devido à proximidade das chamas. A atriz confessou estar “desolada pela destruição e perda”. “Nem sei se a nossa casa se safou”, revelou através do Instagram.

Afetada foi também a estrela Paris Hilton, que perdeu uma casa avaliada em 10 milhões de euros para as chamas - ainda que não fosse a sua residência.

Também alguns portugueses que vivem em Los Angeles tiveram de ser retirados e estão em casas de amigos. Outros estão em alerta porque vivem perto das zonas onde os fogos estão a alastrar. Muitas pessoas decidiram não enviar os filhos para a escola devido aos alertas sobre a má qualidade do ar. 

Entretanto, o presidente dos EUA cancelou uma viagem oficial a Itália. De acordo com a Casa Branca, Joe Biden, que viajou para Los Angeles na quarta-feira para se reunir com os serviços de emergência, "tomou a decisão de cancelar a sua próxima viagem a Itália para se concentrar na gestão da resposta federal geral nos próximos dias".

O presidente democrata deveria estar em Itália até 12 de janeiro, naquela que seria provavelmente a última viagem ao estrangeiro antes de o republicano Donald Trump regressar ao poder, a 20 de janeiro.

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