Abstenção do candidato a Lisboa abriu guerra no partido
“Não faz sentido continuar a promover a islamização da Europa, com todos os seus riscos”, justifica André Ventura, em mensagem escrita à CNN Portugal. Com este argumento, vai dar indicação a todos os candidatos do Chega às eleições autárquicas para votarem contra a instalação de qualquer mesquita, “ou sequer o apoio e cedência de terrenos para tal”.
O presidente do Chega procura assim superar a polémica instalada em Lisboa, em resultado da abstenção, por parte do candidato anunciado pelo partido à Câmara Municipal, na votação de um relatório favorável à construção de uma nova mesquita, entre o Martim Moniz e a Alameda. Essa votação aconteceu em reunião conjunta das comissões permanentes de Direitos Humanos e Urbanismo, podendo agora ser alterada em plenário da Assembleia Municipal, como a CNN Portugal noticiou.
Guerrilha religiosa em Lisboa
Manuel Matias, pai da deputada Rita Matias, reagiu de imediato nas redes sociais. “Estou certo de que a notícia não corresponde à verdade, porque caso contrário teria de ter consequências políticas”, escreveu este militante de base, tido como próximo do líder.
As consequências políticas, em vésperas de eleições autárquicas, parecem óbvias: substituir o candidato do Chega à Câmara Municipal de Lisboa.
O visado respondeu à agressão na caixa de comentários. “Caro Manuel Matias, lamento que desconheças por completo a dinâmica e os procedimentos das assembleias municipais”, desferiu Bruno Mascarenhas. A seguir ao diagnóstico de ignorância, veio a prescrição científica. “Caso concorras a uma autarquia sugiro que faças uma ação de formação”, concluiu o candidato à capital.
Manuel Matias não se inscreveu em nenhum curso. Foi antes aos serviços da Assembleia Municipal, ver com os próprios olhos o relato oficial da votação. E publicou a fotografia dessa iniciativa nas redes sociais.
O pai da deputada Rita Matias aproveitou para devolver a receita: “Não sou eu que preciso de formação autárquica. Também não fui eu a participar em grupos de trabalho ou em qualquer votação”.
O novo postal de Manuel Matias concluiu com uma ameaça, garantindo que o resultado da sua investigação “será reportado”.
Os dois militantes só concordam numa coisa: independentemente dos factos, a notícia é “uma deturpação” e mais o episódio de uma alegada “perseguição”, ou mesmo “conspiração”, contra o Chega.
Bruno Mascarenhas, por telefone, explica que só se absteve porque o relatório estava “tecnicamente preparado” para subir ao plenário da Assembleia Municipal, onde votará contra.