A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou uma moção do PSD para condenar o “grupo ilegal” Tyre Extinguishers, que esvazia pneus de veículos SUV e 4x4 sob o pretexto de salvar o planeta devido à emergência climática. A moção foi aprovada com os votos contra de BE e dois deputados independentes dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), a abstenção de Livre e PCP, e os votos a favor de PEV, PS, PSD, PAN, IL, MPT, PPM, Aliança, CDS-PP e Chega.
O documento pretende “condenar com determinação e firmeza o grupo ilegal Tyre Extinguishers, repudiando desde já, nos termos mais categóricos, as suas ações mimetizadas em Lisboa, não deixando de alertar as autoridades policiais para a sua flagrante criminalidade, sensibilizando igualmente a opinião pública para a contraindicação destas ações para a prossecução da causa ambiental”.
Os danos nos SUV contribuem para aumentar a pegada ecológica, uma vez que os veículos atingidos têm de ser rebocados e os pneus estragados têm de ser substituídos, o que significa maior consumo de borracha e de outros resíduos.
A moção reforça ainda que a transição para uma sociedade não dependente do carbono não pode ser concretizada criando um fosso dentro das comunidades, “lançando o terror, colocando pessoas contra pessoas e, mais importante, hostilizando toda uma população que importa sensibilizar no âmbito da educação ambiental”.
Apesar do voto de abstenção, o grupo municipal do Livre acusou o PSD de contribuir para uma guerra cultural entre todos na cidade, inclusive peões, ciclistas e automobilistas, em vez de trabalhar para a segurança de todos, considerando que a moção “acaba por pôr gasolina no lume desta polarização”.
Isabel Mendes Lopes, deputada do partido Livre, defendeu que “muitos dos SUV são veículos que não deveriam ter lugar nas cidades” porque são, geralmente, demasiado grandes, altos e pesados, pelo que representam um perigo para a segurança rodoviária, ocupam espaço público que deveria ser aproveitado para usufruição das pessoas e consomem muita energia.
O grupo em causa surgiu no Reino Unido e opera desde março de 2021, tendo vindo a ganhar projeção internacional, com registos da sua atividade em várias partes do mundo, dos Estados Unidos da América à Nova Zelândia, “sob o pretexto de que têm de tomar em mãos a salvação do planeta” devido à situação de emergência climática, em que “vandalizam veículos automóveis, tendo como alvos preferenciais SUV e 4x4”.
Os membros deste grupo esvaziam ou rasgam os pneus destes veículos para “causar incómodos e despesas aos seus proprietários”, situação que conta já com relatos de vítimas em Lisboa.
Na apresentação da moção para condenar a atividade do grupo, o deputado municipal do PSD Carlos Reis disse que este grupo tem “a estupidez como ponto de partida e o vandalismo como método de ação”, referindo-se aos danos provocados nos pneus dos veículos, alertando que vandalismo é crime, pelo que se trata de “uma prática criminosa”.