Pessoas resgatadas, túneis submersos, carros em contramão ou submersos e um pedido: "Fiquem em casa". Uma madrugada de mau tempo - o relato (com vídeos)

13 dez 2022, 09:14

Foram horas muito complicadas, sobretudo na região de Lisboa. Às primeiras horas da manhã já se registavam centenas de ocorrências por causa de inundações. Pelo menos 22 pessoas tiveram de ser resgatadas

Carros a circular em contramão, estradas alagadas, túneis submersos e relatos de habitantes que tiveram de ser resgatados: o início da manhã desta terça-feira foi caótico na região de Lisboa, consequência da forte chuva que se fez sentir durante a madrugada. Há inundações em vários pontos da capital, com a situação a ser mais crítica nas zonas de Alcântara e Algés, já no concelho de Oeiras.

Como habitual, às primeiras horas da manhã - o aviso vermelho vigorava até às 7:00 - foram vários os condutores que se fizeram à estrada em direção a Lisboa. As inundações obrigaram ao corte do trânsito em vários pontos de acesso à capital, incluindo no IC19, no sentido Sintra-Lisboa, que esteve praticamente intransitável. As autoridades tiveram de retirar vários carros, que fugiram às zonas mais problemáticas em contramão. Há relatos de automóveis submersos e lençóis de água. 

Situações como a testemunhada pela CNN Portugal no IC19 levaram a Câmara de Lisboa a emitir um alerta vermelho em consequência do mau tempo e apelou à população para evitar saídas de casa. Entre as recomendações da autarquia ficou ainda um apelo "a todos os que possam" para não "entrarem na cidade de forma a atenuar os eventuais constrangimentos".

"Em consequência do mau tempo que se faz sentir, a cidade encontra-se com várias limitações de mobilidade. Para a segurança de todos, a #CML apela a que fique em casa e evite deslocações. Assim como apela a todos os que possam a não entrarem na cidade de forma a atenuar os eventuais constrangimentos. Não arrisque circular na atual situação", escreveu a CML em comunicado. Pouco depois das 06:00 já se registavam na cidade 181 ocorrências.

"Apelamos a todos a que restrinjam ao máximo a circulação e ponderem as deslocações", diz André Fernandes, comandante nacional de Emergência e Proteção Civil.

O presidente da Câmara de Lisboa revelou na CNN Portugal que um deslizamento de terras fechou em casa dez pessoas na Azinhaga da Torrinha, no Lumiar. Carlos Moedas garante que as autoridades estão em contacto com os residentes e que têm de ser resgatados das suas residências. Em Alcântara, 22 pessoas tiveram de ser resgatadas de um prédio na zona por causa das inundações, a que se juntaram seis trabalhadores do Pingo Doce. Uma delas foi levada para o hospital. 

Já no concelho de Oeiras, Algés foi uma das cidades mais afetadas pelo mau tempo, sobretudo na zona da marginal e do hospital de São Francisco Xavier. A baixa de Algés ficou “intransitável”. Além da chuva, o vento forte provocou obstáculos nas vias. A equipa da CNN Portugal no local deu conta de lençóis de água na estrada e árvores que caíram, complicando o trânsito. O pior cenário registou-se junto à estação de comboios, onde o túnel de acesso - que tem cerca de quatro a cinco metros de altura - ficou completamente submerso. 

Vem aí um novo agravamento

A Proteção Civil já tinha alertado na segunda-feira para nova possibilidade de inundações e aumento dos caudais dos rios nos distritos de Leiria, Setúbal, Lisboa, Évora, Santarém e Portalegre, que vão permanecer em alerta laranja (o segundo mais grave de uma escala de quatro) devido às previsões de chuva persistente e forte.

Apesar da precipitação ter acalmado, o IPMA prevê um novo agravamento do estado do tempo para esta terça-feira em todo o território de Portugal Continental, cerca das 9:00.

À CNN Portugal, Jorge Miranda, presidente do conselho diretivo do IPMA, fala num "enorme" nível de precipitação e explica que este quadro de chuvas fortes "é diferente do de dia 7", com picos de precipitação superiores a 40mm por hora, que se agravará dentro de duas horas. "Estamos a falar de uma situação extrema num inverno muito rigoroso", afirma.

Além das inundações urbanas, o IPMA prevê ainda o aumento do caudal dos rios. "Temos cheias do tipo urbano e que ainda vão causar muitos prejuízos, mas também cheias devido ao sistema fluvial transbordar". "Não ha sistemas capazes de escoar a água rapidamente", frisa.

Nesse sentido, Jorge Miranda faz um aviso à população para que não circule na hora de ponta: "Todo o cuidado é pouco. É ideal não criar mais problemas dos que já existem. Estamos num período longo e complicado".

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