Associação de Proteção Civil acusa Moedas de fazer declaração "falsa e ilusória", quando disse que Lisboa está "extremamente preparada" para um sismo

9 fev 2023, 17:07
Bica, Lisboa (AP/ Armando França)

Associação dá como exemplo a zona onde irá decorrer a Jornada Mundial da Juventude para assinalar o que diz ser a falta de preparação contra um sismo na cidade

"Falsa e ilusória" e até "passível de enquadramento criminal". É assim que a APROSOC - Associação de Proteção Civil descreve a declaração do presidente da Câmara de Lisboa, que garantiu que a capital está "extremamente preparada" para a possibilidade de um sismo como o que aconteceu na Turquia e na Síria.

Em comunicado enviado à CNN Portugal, a APROSOC argumenta que esta é uma afirmação "falsa e ilusória, podendo criar uma falsa sensação de segurança onde ela não existe, sendo eventualmente por isso passível de enquadramento criminal".

Apesar de reconhecer "um notório esforço de preparação por parte da autarquia de Lisboa" no sentido de preparar a capital para uma ocorrência sísmica, a associação considera-o "inexpressivo face à população existente em Lisboa e enumera várias lacunas nesse sentido, começando, desde logo, pela capacidade de resposta de algumas unidades locais de proteção civil, que, diz, é "totalmente inócua" perante um sismo.

A associação acusa a autarquia de não investir nas Unidades Locais de Proteção Civil nas freguesias e de não possibilitar "a preparação das pessoas para a sua autoproteção e para a entreajuda". "Não de forma suficiente para poder afirmar que a cidade está preparada para um sismo ou para um tsunami", salienta.

Também os veículos de socorro não são adequados, aponta a associação, assinalando que "a esmagadora maioria da frota do Regimento Sapadores Bombeiros, corporações de Bombeiros Voluntários, INEM e demais entidades que no município concorrem para as atividades de proteção civil não dispõe de tração adequada e, as que possuem, serão manifestamente insuficientes".

Além disso, acrescenta a APROSOC, "o quartel da Avenida D. Carlos I ficará muito provavelmente inoperacional, e os seus meios inoperacionais, o mesmo podendo acontecer com outros quartéis que podem ruir ou, ainda que tal não aconteça, estão em zonas em que outros edifícios podem muito provavelmente colapsar impossibilitando os acessos rodoviários".

Caracterizando a capital portuguesa como "uma ilha" do ponto de vista rodoviário perante um sismo, a associação lembra que "todos os acessos rodoviários de comunicação com a cidade passam por pontes, viadutos, e túneis em alguns casos cuja construção não teve em conta o risco sísmico".

Também o facto de "ninguém saber ao certo quantos cidadãos existem na cidade" não ajuda, assinala a associação. "A população de Lisboa é largamente superior aos registos da autarquia. (...) As pessoas não estão minimamente preparadas para fazer parte da solução, pelo que serão parte do problema e a multiculturalidade que tão importante é para a cidade, torna-se, em caso de sismo, um problema maior para a cidade", argumenta.

O comunicado termina com uma reflexão, de "que nenhum sismo e tsunami" ocorra durante a Jornada Mundial da Juventude, que evidenciaria "o erro crasso da sua localização, bem como as inocuidades do dispositivo planeado".

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