Maguilla foi libertada com um ano em Espanha. Sete anos depois, a fêmea de lince-ibérico foi avistada em Castelo Branco

6 abr 2023, 20:03
Maguilla, a fêmea de lince-ibérico que se instalou em Castelo Branco (ICNF)

Animal perdeu o colar de seguimento que os investigadores utilizavam para monitorizar a sua atividade em 2017. O seu paradeiro foi uma incógnita durante anos, mas em março voltou a ser avistada

Maguilla nasceu em cativeiro, para sua própria proteção. O lince-ibérico, antes considerado o felino mais ameaçado do mundo, vai-se afastando do risco de extinção graças aos esforços de investigadores e ambientalistas. Uma destas medidas de proteção passa pela monitorização dos exemplares da espécie, uma vez libertados na Natureza, para garantir que se adaptam às novas condições de vida. Em 2016, depois de um primeiro ano de vida passado no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves, chegou a vez de Maguilla conhecer o mundo.

Foi libertada no outro lado da fronteira, na região espanhola da Estremadura. Depois de um primeiro ano de supervisão, a jovem fêmea perdeu o colar de seguimento com radiotransmissor e o seu paradeiro tornou-se uma incógnita durante os anos seguintes. Mas não por muito tempo: em 2019, Maguilla voltou a ser fotografada. E, para surpresa dos investigadores, tinha regressado ao país de nascença.

Parecia improvável, mas os registos fotográficos comprovaram sem equívocos que se tratava do mesmo animal. Estava agora em Alcains, no concelho de Castelo Branco, aparentemente sozinha. O Instituto da Conservação da Natura e das Florestas (ICNF), que descreve os acontecimentos num comunicado enviado à CNN Portugal, instalou então uma câmara de armadilhagem fotográfica num ponto estratégico do local. O motivo para todo este aparato era apenas um: o possível avistamento de Maguilla, agora com oito anos.

Nos primeiros minutos do dia 25 de março, um animal noturno posicionou-se perante as objetivas das câmaras, inconsciente de que estava a ser fotografado - e da importância do seu avistamento para os investigadores ibéricos. Era Maguilla, que afinal terá feito da região de Alcains a sua nova casa. As razões são várias, como explica o comunicado da ICNF: "A zona possui uma densidade elevada de coelho-bravo, presa preferencial do lince-ibérico", e apresenta ainda "formações graníticas que podem ser usadas como refúgio ou abrigo".

Com garantia de alimento e proteção, "tudo leva a crer que esta fêmea deverá ter estabelecido um território" no local. Apesar da boa-nova, os especialistas do Instituto preferem "não acalentar muitas esperanças" de que o território venha a ter condições, a curto prazo, de acolher uma "subpopulação viável" de lince-ibérico. Ainda assim, e tal como a improvável jornada de Maguilla o comprova, a vida selvagem e a adaptação das espécies não permite excluir nenhuma hipótese.

"A Natureza nunca para de nos surpreender e, por vezes, o que parece impossível acontece", conclui o ICNF no comunicado.

Imagens de Maguilla foram finalmente captadas em Castelo Branco, depois de anos de incerteza quanto ao seu paradeiro. (Foto: Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas - ICNF)

 

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