Peyroteo, Gomes, Bueno: pokers históricos para juntar a Bas Dost

13 mar 2017, 13:31
Poquers na Liga portuguesa

Dez exemplos mais numa lista a que se junta agora o holandês

Bas Dost é figura incontornável da jornada 25 da Liga, aconteça o que acontecer nos duelos que ainda faltam disputar esta segunda-feira. O holandês fez quatro golos ao Tondela, cimentou a liderança da lista de melhores marcadores, ficou mais perto do topo da corrida à Bota de Ouro e entrou para um reduzido grupo de jogadores que já marcaram quatro golos num só jogo da Liga portuguesa. 

O Maisfutebol recorda alguns casos, vários deles em jogos inesquecíveis. Percorra connosco esta viagem que começa no pé de Peyroteo, passa pelo de Eusébio ou Fernando Gomes, faz uma pausa nas cabeças de Manuel Fernandes e Jardel, até ao incrível Carlos Bueno.

-Peyroteo, com febre, destroça Benfica em 34 minutos

Se para alguns, um poker é um momento de topo, inolvidável, na sua carreira, para Fernando Peyroteo era quase, como é costume dizer-se, «mais um dia no escritório». Foram 18 as vezes que Peyroteo marcou pelo menos quatro golos num jogo (por várias vezes até ultrapassava esse registo). Ainda assim, o mais icónico de todos terá sido em 1948 quando fez quatro ao Benfica, no campo das Amoreiras, num jogo em que o Sporting precisava anular uma desvantagem de 3-1 para o rival, vinda da primeira volta.

A lenda diz que o avançado jogou em estado febril, mas a verdade é que precisou de apenas 34 minutos para fazer quatro golos, colocando seu nome acima de todos na goleada de 4-1. No final do jogo, Cândido de Oliveira, treinador do Sporting e benfiquista confesso, que tinha sido acusado de estar a preparar uma derrota propositada, apresentou a demissão, mas ficou no cargo e ganhou o título no final da época.

-Lourenço e a primeira vitória do Sporting na Luz

Sem ganhar no campo do Benfica, para a Liga, desde a inauguração do Estádio da Luz, o Sporting entrou para o jogo, naquele 17 de outubro de 1965, 6.ª jornada do campeonato, ciente da importância de um bom resultado para evitar que o Benfica conseguisse algo que figurava no histórico dos leões como feito inédito: o tetra.

Lourenço, em tarde inspirada, foi a figura maior, com quatro golos no triunfo por 4-2, o primeiro de sempre na Luz, para o campeonato. Na baliza do Benfica estava o jovem Melo, substituto do lesionado Costa Pereira que acabou por funcionar como bode expiatório: nunca mais representou o Benfica.

E no final da época, o Sporting foi mesmo campeão...

-Lemos: quatro golos ao Benfica e quarenta contos no bolso

A história é sobejamente conhecida (e aqui contada na primeira pessoa). Em décadas passadas era usual entidades externas aos clubes oferecerem prémios aos jogadores mediante determinadas metas. Naquele dia de janeiro de 1971 o prémio era de 40 contos para quem marcasse mais de três golos no FC Porto-Benfica do estádio das Antas.

O que muitos julgaram impossível de acontecer (só uma vez, em 1942, nos históricos 12-2 do Benfica ao FC Porto tinha havido semelhante façanha, por Júlio), tornou-se realidade por obra e graça de um avançado de 20 anos. Lemos ficou para a história, meteu os 40 contos ao bolso e ainda ganhou mais prémios como eletrodomésticos, latas de tinta e uma televisão. Nada mau.

Até hoje, nunca mais ninguém marcou quatro golos num jogo entre Benfica e FC Porto.

-Eusébio também faz quatro ao Sporting

A história dos Clássicos diz-nos que são os jogos entre os rivais de Lisboa que mais vezes propiciaram proezas aos goleadores. Eusébio não poderia ficar de fora. O seu poker mas conhecido é, claramente, o que fez à Coreia do Norte, no Mundial 66, mas na Liga portuguesa, uma das suas tardes de maior glória foi contra o Sporting e aconteceu em outubro de 1972, já com 30 anos. O Benfica de Jimmy Hagan recebia o leão de Ronnie Allen e Eusébio esteve imparável. Marcou aos 25 e 34, antes do descanso. Yazalde reduziu aos 84 e lançou dúvidas para a reta final que o mesmo Eusébio rapidamente desfez.

Golos aos 86 e outro aos 89. Apito final pouco depois e vitória gorda do Benfica por 4-1, rumo ao título naquela época.

-O dérbi do Porto ao som de Gomes

Na época 1982/83, o dérbi entre FC Porto e Boavista, nas Antas, terminou com goleada de 6-0. E Fernando Gomes, que fazia dupla com o irlandês Walsh, provou em campo o porquê de ter sido, nesse ano, pela primeira de duas vezes, o melhor marcador Europeu. Quatro golos do Bibota, dois em cada parte, destroçando o rival axadrezado. No banco, José Maria Pedroto sorria.

-Manuel Fernandes e os 7-1, claro

Impossível falar de pokers históricos na Liga portuguesa sem recordar um dos que estará mais presente na memória de todos, sobretudo sportinguistas acima dos 35 anos. A 14 de dezembro de 1986, o Sporting goleava o Benfica por incríveis 7-1, sendo que Manuel Fernandes ficou com quatro golos só à sua conta.

O jogo chegou ao intervalo com vantagem de 1-0 para os leões, com golo de Mário Jorge, mas a segunda parte foi alucinante e os números subiram até ao ponto que se sabe. O Benfica ficou, contudo, com um nada indesejável prémio de consolação: no final da época foi ele o campeão.

-Magnusson no ano da explosão

Na Luz há duas épocas, mostrando competência mas sem brilhar, Matts Magnusson explodiu na temporada 1989/90. Foram golos atrás de golos chegando aos 33 no campeonato e 40 na temporada. O arranque fulgurante ajudou, claramente, a moralizar o sueco.

Um golo apenas no primeiro jogo, um empate em Guimarães, não fazia adivinhar o que aí vinha. Na ronda seguinte foram quatro ao Beira-Mar numa goleada de 5-0, um deles numa bela chapelada. E para provar que não foi fortuito, depois de bisar contra o Nacional na semana que se seguiu, engrenou outro poker, agora ao Penafiel, em novo triunfo gordo, por 7-0. Aquela foi a época em que tudo lhe saiu bem: nunca mais marcou quatro golos num jogo.

-Mário Jardel nos 7-0 que Nuno fez esquecer

Antes da recente goleada ao Nacional, os últimos 7-0 do FC Porto, para a Liga, tinham sido em 1998/99, numa noite que marcou o regresso de Vítor Baía ao clube, depois da passagem pelo Barcelona. Mas o guarda-redes teve de dividir protagonismo com Mário Jardel, que fez quatro golos na gorda vitória portista.

-A noite em que Bueno foi bom

Num jogo inesquecível da época 2006/07, o uruguaio Carlos Bueno que, até então, tinha marcado apenas um golo em 11 aparições com a camisola do Sporting teve a noite de uma vida, em Alvalade, contra o Nacional de Carlos Brito. Os madeirenses ganhavam por 1-0 desde o minuto 26 (golo de Bruno Amaro) e não parecia haver forma de mudar o rumo dos acontecimentos.

Paulo Bento fez então uma dupla substituição ao minuto 58, lançando Pereireinha e Bueno para os lugares de Carlos Martins e Tonel. O Sporting transfigurou-se e, acima de tudo, Bueno brilhou. Marcou aos 75, 78, 90 e 90+4, com Liedson a fazer, pelo meio, também o seu. Goleada de 5-1 construída em pouco mais de um quarto de hora. Incrível, claro.

-Liedson, o ultimo antes de Bas Dost

Desde 2010 que não havia um jogador a fazer um poker num jogo da Liga portuguesa. E também foi um sportinguista o autor da proeza. Em março desse ano, Liedson fez quatro golos no Restelo, contra o Belenenses, numa vitória em que assinou todas as bolas que entraram na baliza defendida por Bruno Vale. Ao intervalo o nulo persistia, mas o leão de Carlos Carvalhal inspirou-se na segunda parte e, às cavalitas de Liedson, chegou à goleada.

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