Rio Ave-P. Ferreira, 0-1 (crónica)

Vítor Hugo Alvarenga , Estádio do Rio Ave, em Vila do Conde
14 jan 2023, 20:01

Nove meses depois: Ave, César!

9 de abril de 2022, 29.ª jornada da Liga 2021/22. Mais de nove meses depois, e pela primeira vez na presente edição da prova, o Paços de Ferreira saboreou um triunfo. Ave, Cesar! Foi com Peixoto que os castores bateram o Marítimo na reta final do campeonato passado e foi o técnico, no seu regresso ao clube, a quebrar o enguiço na temporada.

Em Vila do Conde, ao bater o Rio Ave pela margem mínima (0-1), o «lanterna vermelha» amealhou tantos pontos quantos os que tinha conseguido em 15 rondas: três pontos. Num ápice, passa para os seis e fica a quatro do penúltimo classificado, o Marítimo, e a seis do antepenúltimo, o Gil Vicente.

Os castores saem de uma espécie de coma profundo em que se encontravam, sem grande esperança de vida, e voltam a respirar. Ainda de forma insuficiente, mas com o coração a bater. Tudo à conta de uma equipa vila-condense que deixou uma pálida imagem perante os seus adeptos, em nítido contraste com o que tinha vindo a demonstrar.

Em 16 jogos na temporada 2022/23, foi a primeira vez que o Paços de Ferreira não sofreu golos. Enorme demérito do Rio Ave, naturalmente.

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OS DESTAQUES DO ENCONTRO

A necessidade aguça o engenho

A equipa de César Peixoto provou desde cedo que tinha maior urgência de pontos, entregando-se ao jogo e a cada duelo com uma intensidade que não encontrava resistência à medida do outro lado da barricada.

Confortável na tabela classificativa e tradicionalmente pouco talhado para um controlo absoluto do jogo, o Rio Ave não se deu bem com a iniciativa de jogo e apresentou pouca variabilidade e dinâmica no seu futebol ao longo da etapa inicial.

Com uma estratégica clara de resposta, assente na velocidade dos extremos e na capacidade de Alexandre Guedes em jogar de costas para a baliza, a formação pacense foi explorando as subidas no terreno dos laterais contrários para provocar calafrios por intermédio de Zé Uílton e Nigel Thomas.

Seria precisamente este último, campeão europeu de sub-17 pelos Países Baixos e internacional sénior por Curaçau, a inaugurar a contagem em Vila do Conde com um livre direto ao minuto 34.

Da primeira meia-hora, não resta muito por contar. Período de jogo de má memória. Depois, sim, quando Nigel Thomas surgiu no flanco esquerdo para bater um livre lateralizado junto à linha da área, o figurino foi alterado. O extremo de 21 anos rematou forte, a bola ganhou efeito com o vento, Boateng ainda se fez ao lance de cabeça – não parece ter tocado no esférico – e Jonathan não conseguiu evitar o 0-1.

Ora perante este cenário, e se já estava disposto a entregar a bola à equipa local, o Paços de Ferreira acentuou essa estratégia e fechou-se num sistema que chegou a aproximar-se de um 5x4x1, com Rui Pires a fazer de terceiro central e Alexandre Guedes sem companhia na frente.

O desenho apresentado pelo Rio Ave - entre o 3x5x2 e o 3x4x3 - não funcionou ao longo da etapa inicial. Miguel Baeza dividia-se entre funções, ora como interior direito ora como extremo, e acabou por perder-se no processo. Boateng seguiu o mesmo caminho, entre o centro e a esquerda, deixando os laterais sem apoios e Leonardo Ruiz a suspirar por oportunidades no centro do ataque. Sem surpresa, saiu do intervalo.

Rio Ave em final de tarde para esquecer

Aziz regressou a Vila do Conde após uma transferência falhada para o Al Ahly do Egito e foi lançado por Luís Freire no reatamento do encontro, a par de João Graça. Abdicando de Leonardo Luiz e do amarelado Samaris, o treinador da equipa vila-condense mudou as peças sem alterar o esquema tático.

O problema mantinha-se. O Rio Ave afunilava o seu jogo e embatia de frente na muralha pacense, dependendo quase em exclusivo das incursões de Costinha pelo flanco direito.

À hora de jogo, por fim, o técnico da formação local lançou dois extremos, Hernâni e Fábio Ronaldo, para corrigir esse défice, embora tenha optado nessa por manter um trio de defesas-centrais, sem que tal parecesse necessário. Mesmo ao minuto 74, quando trocou um central por André Pereira, recuou Costinha para manter o tridente. Fórmula curta.

O Paços de Ferreira não olhava a meios para atingir os seus fins e recuava cada vez mais as linhas, agarrando-se ao que permitiria dobrar o magro registo nos primeiros meses de Liga: apenas três pontos. Beneficiou de alguma felicidade na reta final do encontro, é certo, mas fez por a merecer nestes meses de luta inglória.

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