P. Ferreira-Gil Vicente, 0-1 (crónica)

Pedro Jorge da Cunha , no Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira
10 dez 2021, 22:17
P. Ferreira-Gil Vicente (Lusa/José Coelho)

'Monsieur' Leautey, o imperador da Mata

Crise de ansiedade e qualidade de expressão. Sintomatologia compatível com o resultado na Mata Real, penosa para o Paços e feliz para o Gil Vicente. Um jogo que atira uma carga de dúvidas para cima do castor, capaz de assombrar os próximos dias do balneário.

O Paços fez um jogo em crescendo, apesar da depressão profunda e do golo sofrido no último suspiro – uma vitória nos últimos 14 jogos, em casa do… Águias de Moradal. A primeira parte foi um deserto de planeamento em ataque organizado e um ‘deus me acuda’ no processo defensivo. O Gil foi superior, bastante superior.

A revolução de Jorge Simão, pré-anunciada na véspera, teve alguns méritos e bastantes limitações. Os primeiros manifestaram-se no segundo tempo, altura em que a equipa quis apagar tudo o que de mal efetuou e fez questão de recomeçar do zero, como se encarnasse uma nova personagem e representasse uma nova vida.

As melhorias, evidentes, chegaram a ameaçar um golo num petardo do bombardeiro Antunes e num cabeceamento do rookie Nuno Lima. Insuficiente.

FICHA DE JOGO E AO MINUTO NA MATA REAL

O plantel tem qualidade, o treinador tem provas dadas – inclusivamente em Paços -, mas a desconfiança usurpa o reinado da estabilidade e do crescimento. Há desconfiança nos jogadores, nas bancadas, talvez até na própria equipa técnica, e ela manifesta-se na mais simples receção de bola.

 

 

O Gil Vicente vive num mundo à parte, nesta altura. Um planeta onde se respira melhor e onde até já se confirmou a aparição de água potável. Não marcou até ao intervalo, período em que fez oito remates contra um do Paços, porque não teve juízo na arte da definição final – Fran Navarro teve uma das noites mais apagadas da época.

 

Mais confortável com bola, mais estável nas emoções e convicto na expressão (lá está) do plano de jogo. Quando se adivinhava um ataque fatal do Gil ao divã das mágoas e angústias pacenses, a equipa minhota deitou-se ao lado, mas levantou-se a tempo de agarrar os três pontos. 

 

O passe de Aburjania é fantástico, a finalização de Leautey - monsieur Leautey -, tão boa ou melhor. Três pontos para os galos de Barcelos, ansiosos por experimentar o poleiro da UEFA.

 

Contas feitas, o Paços arrasta o ciclo de desilusões e mantém os 11 pontos. Na Mata, a tranquilidade não passa de uma fantasia; o Gil Vicente alcança os 20 pontos e é uma das equipas-revelação da Liga. Dois mundos distintos, insistimos.

 

Com esta crise ansiolítica na equipa de Simão e o alto nível de expressividade no Gil, o resultado era até um lugar previsível. As melhoras, senhores do Paços; parabéns, cavalheiros gilistas.  

 

VÍDEO: o resumo do jogo

 

 

 

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