Benfica-Marítimo, 7-1 (crónica)

David Marques , Estádio da Luz, Lisboa
19 dez 2021, 19:14

Um clássico antes de um clássico

Em época de tradições, nada como cumprir uma: vencer com conforto um adversário historicamente incapaz de lhe fazer frente nas visitas à Luz.

Um clássico a poucos dias de um clássico com o FC Porto que decide a continuidade numa prova, em que o Benfica encheu o balão da confiança e aplicou a maior goleada da época (exceção feita ao Belenenses) a um Marítimo que ainda não tinha sido derrotado desde a chegada de Vasco Seabra ao leme dos insulares.

O triunfo por 7-1 começou a ser construído aos 3 minutos, mas a reação insular ao golo madrugador de Darwin parecia dar a entender que os visitantes iriam dificultar a tarefa dos encarnados, orientados neste domingo (em campo) por João de Deus.

Até ao 2-0 (de Darwin ao minuto 19), a equipa de Vasco Seabra até teve mais bola (60 para 40 por cento) e bons momentos de circulação.

Mas nessa altura outro dado já era evidente: quando mais o Marítimo se afastasse da baliza de Paulo Victor, mais espaço haveria para explorar a velocidade de Rafa e Darwin. Porque o Marítimo foi pouco eficaz na pressão no meio-campo ofensivo e porque Igor Rossi foi incapaz de controlar os movimentos entrelinhas do internacional português que terminou o jogo com um golo e ações decisivas para outros quatro.

A partir do 2-0, os encarnados embalaram definitivamente para uma noite de futebol com momentos vertiginosos entre equívocos e erros fatais alheios.

Para além dos golos, Darwin foi omnipresente no ataque encarnado e Rafa teve tempo e espaço para desequilibrar individualmente e distribuir presentes de Natal, como se viu no 3-0 assinado pelo voluntarioso Gilberto pouco depois da meia hora de jogo.

O Marítimo dos 15 minutos iniciais fora incinerado e o espelho que Vasco Seabra montou para combater – também em 3x4x3 – a equipa de Jorge Jesus era, afinal, feito de matéria opaca.

Antes do intervalo, o destino do jogo já estava traçado. Por mérito de uma equipa, mas também por enorme demérito dos insulares, que caíram numa armadilha que lhes fora montada e através da qual o Benfica foi acumulando jogadas de perigo, muitas delas através de transições rápidas.

No regresso dos balneários, mais do mesmo. Rafa, o melhor da noite, assinou o 4-0 na cara de Paulo Victor e antes da hora de jogo Yaremchuk ampliou para a mão-cheia.

Depois disso, o Benfica entrou em cruise-control. Com novas unidades em campo e com o clássico de dia 23 no horizonte, baixou o ritmo e os índices de concentração. Foi neste cenário que Alipour, lançado na segunda parte, reduziu para o Marítimo.

Mas isso só fez com que a fome da águia fosse reativada, mesmo com o ataque entregue a outros protagonistas. Gonçalo Ramos ampliou para 6-1, voltando a marcar pelas águias ao fim de sete meses, e Seferovic fez o 7-1 final à entrada para a compensação.

O Benfica sai da 15.ª jornada da Liga à mesma distância da frente com que tinha entrado nela, com a pontaria afinada e uma cabal prova de força antes de dois clássicos com o FC Porto.

Mas, estes sim (!) são jogos do mesmo campeonato e a prova dos nove para quem tem sido tão inconstante.

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