«Desp. Aves? Felizmente tinha dinheiro de lado, mas não sou maluco»

6 mai 2020, 11:03
Liga: Paços Ferreira-Desportivo Aves (José Coelho/LUSA)

Guarda-redes Beunardeau revela que o clube avense lhe deve mais dinheiro do que apenas o vencimento referente ao mês de março

Quentin Beunardeau garantiu que ainda não recebeu por parte do Desportivo das Aves os três meses de salários em atraso, evocado na desvinculação unilateral.

«Não vou dizer exatamente quanto dinheiro me devem, mas é mais do que o mês de março. O ponto principal é que sou um jogador livre, posso assinar por algum clube e quero encontrar um novo projeto que me permita jogar a partir da próxima época. Vou pensar mais tarde na questão do dinheiro, porque está tudo nas mãos do meu advogado e sei que deve ser um processo longo», disse, em entrevista à Lusa. 

O guarda-redes francês explicou as razões que o levaram a sair da Vila das Aves.

«A partir do momento em que não recebi três meses de salários, fiquei em posição de rescindir. Perdi a minha confiança na direção e sei que eles não foram sérios connosco. Por isso, penso que tomei a melhor decisão para o meu futuro. Felizmente, tinha algum dinheiro de lado, mas não sou maluco e sei o que quero da vida», argumentou. 

Após um atraso no pagamento dos vencimentos no final de 2019, justificada pelo investidor avense Wei Zhao, o incumprimento prolongou-se pelos meses seguintes.

«Voltámos a falar com a direção e decidimos protestar no jogo contra o Belenenses SAD [previsto para 15 de março], mas nada aconteceu», frisou o jogador.

De resto, os salários em atraso prejudicaram, no entender do guardião, o desempenho da equipa.

«A direção dizia que íamos receber, nós pensávamos que sim e nada acontecia. Não podemos dizer que o último lugar se deve aos salários em atraso, mas isso mexe um pouco com a cabeça do jogador. A concentração não estava a 100 por no jogo e, inconscientemente, começamos a pensar noutra coisa. Quando estamos bem de cabeça, certamente jogamos de forma diferente», observou.

O gaulês admite estar «triste» pelas dificuldades que o Desp. Aves está a viver, mas lembrou que tem família e contas para pagar. 

«Todos os jogadores passaram por dificuldades e chegou a um momento em que fica complicado viver, porque temos uma vida além do futebol, que não é simples, com família e contas para pagar. Por exemplo, tenho uma filha muito jovem e quero que não lhe falte nada. É triste ter chegado até aqui, porque o Desp. Aves é um bom clube», lamentou.

Beunardeau manteve a palavra de que, a ex-diretora executiva Estrela Costa repôs salários ao iraniano Mohammadi e a Welinton Júnior antes da partida frente ao Sporting.

«Claro que não é justo. Ou paga a todos ou não paga a ninguém, porque devemos estar todos juntos como equipa. Ganhei uma primeira parte, uma vez que agora sou jogador livre, e já respondi ao clube, mas o meu advogado é que sabe disso», esclareceu.

Por último Beunardeau sublinhou esperar que o Desp. Aves, clube pelo qual «viveu o melhor momento da carreira», alcance a permanência. 

Contactada pela agência Lusa, a SAD dos avenses recusou comentar as dívidas reivindicadas pelo antigo internacional dos escalões jovens das seleções francesas.

 

 

Relacionados

Patrocinados