Benfica-Moreirense, 1-1 (crónica)

David Marques , Estádio da Luz, Lisboa
15 jan 2022, 20:30

Baralhados como a águia

O Benfica, assumiu Nélson Veríssimo na antevisão ao jogo com o Moreirense, não tinha margem para errar daqui para a frente.

Mas neste sábado, diante do Moreirense, a Luz voltou a receber péssimas notícias. Porque os encarnados voltaram a errar e a perder pontos em casa (são oito com a Liga ainda a entrar na segunda metade) e porque voltaram a estar longe daquilo que se exige a quem tem, como reconhecem os seus responsáveis nas intervenções públicas, tamanhos argumentos.

A falta de criatividade de um lado e a tremenda organização defensiva do outro explicam muito o desfecho: 1-1. Mas como em qualquer história de Davides contra Golias, é preciso negligência de quem é maior para que o mais pequeno sobreviva. E o Benfica voltou a sê-lo, como em muitas outras ocasiões em 2021/22.

Ao sétimo jogo pela equipa principal dos encarnados, Paulo Bernardo teve a primeira titularidade. Mas o tribunal da Luz, que começou por apreciar o gesto do novo timoneiro, acabou a noite a assobiar toda a equipa na saída de cena.

Setenta por cento de posse de bola (quase 80 nos primeiros 45 minutos) não foram traduzidos em muitas oportunidades de golo, sobretudo até ao momento em que o Moreirense, conservador e tendencialmente remetido à defesa, chocou a Luz quando se colocou em vantagem a meia hora do fim quando o infeliz Gilberto marcou na própria baliza.

Mas o azar e as muitas queixas de antijogo estão longe de ser razões únicas para a noite negra de um Benfica tão baralhado como a águia que no tradicional voo antes do início do jogo resolveu sentar-se numa cadeira do segundo anel em vez de aterrar no poleiro no centro do relvado.

Previsível, lenta, impaciente e com muitos jogadores, sobretudo no ataque, em sub-rendimento. Tudo aquilo que uma equipa não pode ser quando se depara com um adversário baixo no terreno e com propósitos óbvios, o Benfica acabou por sê-lo.

Mas não foi só Gilberto quem teve azar: Rafa, na primeira parte, e Grimaldo, na segunda, também não tiveram a sorte do lado deles. Mas quem é tão negligente não pode agarrar-se a ela, até porque, verdade seja dita, o empate de Darwin nasceu também de um lance improvável.

Nem depois desse golo, aos 65 minutos, os encarnados deixaram de ser uma equipa «engasgada» nas imediações da grande área cónega e a abusar dos cruzamentos. Menos, porque o jogo abriu mais após as mexidas e até sobraram oportunidades para o Benfica somar os três pontos, mas faltou acerto e um sinal de verdadeira ambição que a Luz, pela assobiadela monumental ouvida, não viu.

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