Reportagem em Aveiro numa fila interminável
Depois de esgotados os ingressos mais baratos (15 euros), a corrida por uma entrada para o Arouca-Benfica de domingo prosseguiu esta quarta-feira com mais uma enorme fila nas imediações do Estádio Municipal de Aveiro.Quem passou por lá na véspera, garantiu ao Maisfutebol
Estava previsto que as bilheteiras abrissem às 14 horas, justamente para dar tempo à organização de garantir que o problema informático da última terça-feira estaria resolvido, mas, ainda assim, só a partir das 15h15 foi possível ouvir gritos de «aleluia» misturados com palmas.
Claro que, até lá, foram muitos os desabafos, as pragas rogadas a torto e a direito, e as preces para que o céu cinzento não passasse das ameaças de pingos à chuva a sério. De nada valeu. As restrições na venda (máximo de quatro bilhetes por pessoa) e apenas 2000 lugares disponibilizados a 25 euros também não ajudaram.
Madrugar por um bilhete
Os madrugadores foram, naturalmente, premiados. Que o diga, Fernando Carvalho, o primeiro a agarrar nos tão aguardados retângulos de papel. «Cheguei aqui às cinco da manhã», atira, com orgulho. «Mas vim enganado. Pensava que a bilheteira abria às nove horas», esclarece.
O facto de morar a cinco minutos do estádio foi um trunfo importante, mas traiu-o na véspera. «Estive aqui do meio dia e meia até às 17h30 e não consegui os bilhetes que queria», lamenta, pouco habituado a estas esperas. «É a primeira vez que estive assim tanto tempo à espera por causa da bola. Vamos ver se ao menos fazemos a festa», desabafa. Ao todo, aguardou mais de 10 horas.
Ao lado, Américo Silva, que chegou pouco depois das sete da manhã, consegue usar do humor para fintar o tédio. «Estou aqui há tanto tempo e sem me sentar. Ainda por cima, não sou do Benfica, nem vou ver o jogo. Vim comprar bilhetes para um amigo de Lisboa», desvenda.
Também ele tentou a sua sorte na terça-feira, sem sucesso. «Hoje a fila está ainda maior. O Benfica arrasta muita gente», constata, bem-disposto.
Um pouco mais atrás um grupo vindo de São Pedro do Sul, a cerca de 70 kms de Aveiro, destaca-se pela descontração. Nem parece que estão ali desde as sete e pouco da manhã. Mais uma vez, encontramos uma «repetente». «Estive aqui duas horas, mas assim que percebi que só vendiam os de 15 euros fui-me embora, queria outros lugares», conta Carolina Paiva.
Esta quarta-feira, vinha também à espera de poder comprar os ingressos logo às 9 horas e com um receio: «Pensava que pudesse haver pessoas a pernoitar, mas, felizmente, não aconteceu. Ao todo, queremos levar 30 bilhetes.»
O Arouca até tinha anunciado o alargamento do horário da bilheteira, mas nem foi preciso chegar, sequer, lá perto. Por volta das 17h30, todas as entradas disponíveis em Aveiro já tinham sido vendidas. Muita gente ficou frustrada com tamanha espera... para nada.
Até deu para vender bolinhos
Houve quem trouxesse farnel, mas quem foi menos precavido não faltaram alternativas. Estas ocasiões são sempre uma ótima oportunidade de negócio para vendedores ambulantes. O pregão da bolacha americana fez-se ouvir, e houve quem respondesse: «Queremos é bilhetes». Mas o que mais chamava a atenção era uma pequena banca, com bolos caseiros, e três jovens sorridentes.
Alunas do terceiro ano do curso de animação sociocultural, Vanessa Freitas, Cátia Garrido e Catarina Cirne, também perceberam que tinham ali uma boa possibilidade para angariar fundos para o seu projeto. «Chama-se Ligações Virtuais, Experiências Reais, e tem como objetivo apresentar novas tecnologias aos idosos», explicam ao Maisfutebol
«Estivemos aqui no dia anterior, percebemos que vinha muita gente, e alguns passaram aqui tanto tempo que, com certeza, vão acabar por ter fome», justificam, cheias de entusiasmo.
Não sabemos se conseguiram, à semelhança dos bilhetes
