Dragão de fato-macaco mete a quinta
Diz-se não raras vezes que uma equipa que quer ser campeã tem de passar por dificuldades. Por jogos, enfim, mais chatos. Não tão vistosos, nem conseguidos ou de grande eficácia. De paciência. Incerteza até ao fim. Mesmo com vantagem.
Resumindo, para o FC Porto, o jogo com o Nacional foi isto. Mas permitiu à equipa de Francesco Farioli meter a quinta vitória na Liga. A uma velocidade que não foi a de outros jogos na decisão do resultado, nem com a arte e eficácia de outrora. Mas permite estacionar isolado na liderança após o regresso das seleções. O dragão cava, à condição, uma diferença de cinco pontos para o Benfica – que empatou na véspera – e mantém mais três face a Sporting e Moreirense, que também venceram este sábado.
Um penálti convertido por Samu, aos 31 minutos de jogo, tirou do Estádio do Dragão… o 31 que o resultado estava até então a ser para o FC Porto.
Na estreia de Kiwior – logo a titular – e com Pablo Rosario a lateral-direito, além dos regressos de Pepê e Samu ao onze, o FC Porto entrou a todo o gás. Como já se viu nos primeiros jogos da época. Em 15/20 minutos, remeteu quase por completo o Nacional ao seu meio-campo defensivo.
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Borja Sainz até marcou aos seis minutos, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo. E já numa velocidade mais calma, com paciência na troca de bola à procura do espaço certo na hora certa – já o Nacional estava mais encaixado no jogo – uma queda de Samu na área, após carga de Zé Vítor nas suas costas, fez vibrar a plateia do Dragão: o lance deixou dúvidas, Luís Godinho nada assinalou nem foi alertado pelo VAR, Bruno Esteves. E o público reagiu com uma assobiadela.
Desta até à festa do golo, foram mais ou menos dez minutos. E graças um penálti que Samu transformou em golo, após falta de João Aurélio sobre Borja Sainz, vista pelo árbitro no ecrã.
Certo é que nem o golo catapultou o FC Porto para uma vantagem maior, nem deitou abaixo um Nacional que mostrou saber o que estava a fazer. Exemplo disso, sobretudo no último quarto de hora da primeira parte, foi a forma como condicionou alguma da construção do FC Porto em zona recuada. Como soube fechar-se com consistência atrás numa linha de cinco. E como, por exemplo, Froholdt não teve o tempo e o espaço de outros jogos no miolo.
É verdade que a vantagem do FC Porto podia ser outra ao intervalo. Mas também podia ter havido empate, não fosse Diogo Costa negar o 1-1 em cima do minuto 45 a remate de Laabidi.
O azar de Nehuén, paciência e sofrimento
A segunda parte, grosso modo, não mudou muito face à parte final da primeira. O FC Porto teve de pensar mais o jogo. E viver na incerteza do 1-0.
E se noutros jogos foi a equipa a empolgar os adeptos, estes perceberam também o momento: a meio da segunda parte, ato espontâneo, com o jogo morno e em sobressalto, puxaram até ao fim pela equipa como se esta estivesse a dar espetáculo.
Mas não estava. Também, reforce-se, por mérito competitivo do Nacional. Por essa altura, já o azar tinha batido à porta de Nehuén Pérez, que esteve nem dois minutos em campo e saiu de maca (com suspeitas de lesão no tendão de Aquiles). Eustáquio entrou e Pablo Rosario, que tinha viajado para o meio-campo com a saída de Alan Varela, voltou à posição inicial.
Festival de desperdício, Lucas França e dúvida até ao final
Foi preciso esperar pelo minuto 73 para ver o FC Porto mais perto do 2-0, que não surgiu porque Pepê não acertou com a baliza, na cara de Lucas França. O lance ativou de novo o ataque da equipa e foi o primeiro momento de desperdício, acentuado por Gabri Veiga ao minuto 88, já depois de um corte de Léo Santos a negar a conclusão de Samu (82m) e de uma enorme defesa de Lucas França a Pepê (84m). O guardião do Nacional, diga-se, foi o grande responsável por manter o 1-0 na parte final.
O dragão, que noutros jogos mostrou-se bem de “faca nos dentes”, vestiu o fato-macaco e segurou o mais importante: os três pontos.