Treinador do Farense mostrou-se satisfeito com a reação da equipa na segunda parte mas espera mais para os próximos encontros
Tozé Marreco, treinador do Farense, em conferência de imprensa após o empate com o Estoril [2-2]:
[Análise da partida]
«Primeira parte dividida, sem grandes ocasiões de golo, depois uma entrada na segunda parte que tem sido recorrente da nossa parte. Já fomos por tantas estratégias para tentar alterar isso, o porquê de nas entradas na segunda parte, em muitas, já temos sido fortemente penalizados e sofremos dois golos em quatro minutos. Dois golos em quatro minutos que nos abanou muito e depois reagimos com um caráter muito grande de uma equipa que anda a remar contra a maré desde a primeira jornada e que mostrou um caráter enorme. Não fizemos mais golos e se calhar não virámos o resultado porque o jogo não durou mais quatro ou cinco minutos.»
[Um ponto apenas deixa um amargo de boca?]
«Se eu fosse a fazer isso desde a sétima jornada, estava aqui em depressão, todos os pontos contam. O que fica é o caráter da reação e um ponto somado. É pouco para a situação em que estamos? Ainda é. Vamos ver no final do campeonato como isto fica. A única coisa que eu posso dizer é que se eu baixar a cabeça ou ter esse tipo de pensamento é que aquilo que soube a pouco não vai resolver nada. Aquilo que nos vai resolver é a capacidade de trabalho que temos todos os dias para inverter esta situação, corrigir erros. Nos inícios da segunda parte têm sido recorrentes a alguns erros e o sofrermos golo... estamos a ser fortemente penalizados. Qualquer situação dá golo. Nós não fomos massacrados em nenhum jogo. Não acontece. O [Ricardo] Velho não faz nem um terço das defesas que fazia no ano passado. Portanto, isso é uma realidade. Agora, é somar pontos. Hoje é curto no aspecto que está a referir, porque precisamos de muitos mais, mas jamais entrar com esse pensamento, porque isso é um pensamento derrotista e isso não faz parte neste grupo, neste plantel, e muito menos neste clube.»
[Recuperação na segunda parte dá alguma esperança para os próximos jogos?]
«Volto a dizer. Esperança? Se eu algum dia não tivesse esperança, ou quer que seja, eu não estava aqui. A questão da esperança, a questão da opção, não estou aqui a fazer nada. Se achasse que isto já estava resolvido ou que já estavam mortos, como obviamente toda a gente nos dá, como absolutamente descidos, se eu achasse isso, não estaria aqui. Estava em casa, sossegado a tratar do meu filho, e não é esse o caso.
«Aquilo que pegámos é que às vezes tem-se a ideia, e eu percebo que quem sabe um pouco menos de futebol, pensa que jogar com três centrais é jogar defensivamente, ou quer que seja. Não, foi uma forma que em alguns momentos utilizámos, em muitos momentos para compactar a defesa. Mas com bola a situação é completamente diferente. Agora, o mercado de janeiro trouxe-nos outras opções para a frente, que nos permite variar mais um pouco o ponto de partida do sistema. E isso já andamos a treinar desde há algum tempo, a alternância de sistema. E agora, para estas novas finais que aí vêm, alterarmos o que for necessário para partir mais o jogo, para dividir ainda mais o jogo, sabendo que temos mais alternativas do que tínhamos, obviamente, no início da época, que nos permite jogar com dois avançados, que nos permite jogar com três homens no meio, que nos permite jogar um 4-2-4, se assim quisermos. E hoje foi aos postes, já acabámos assim em outros jogos onde não conseguimos chegar ao empate. Portanto, disto não há soluções milagrosas. Há sim, a questão do caráter que volta a realçar, que é de um grupo que está a perder 2-0, que tem situações surreais que, na pequena área, bola no poste e que mesmo assim continuam a insistir, isso acho que é de valor. Agora, ainda não é o suficiente, porque temos de ainda somar mais pontos.»
[Fora de casa, nas últimas oito jornadas, apenas uma derrota. O que é que falta?]
«Não tenho explicação para isso. Exatamente ao contrário do que eu pensava quando cheguei. Portanto, é das coisas que vou estar aqui com tangas, nem a mentir, a dizer, olha, não sei. Sinto a equipa, às vezes, longe do São Luís mais solta, efetivamente, mas tudo indicava ao contrário, porque São Luís sempre foi uma fortaleza. Portanto, é inacreditável o campeonato que estamos a fazer fora. É muito curioso, mas eu não sei encontrar justificação para isso. Sei isso, noto isso nos jogadores mais soltos, mais livres em muitos momentos, mas não vou estar aqui com coisas e encontrar justificação para isso, porque não o tenho. Agora temos o próximo em casa, temos de ganhar. Já merecíamos ter tirado pontos ao Benfica, já merecíamos ter tirado pontos ao FC Porto, agora o meu foco é o Sp. Braga e esse é que temos de somar três pontos.»