Estoril-Benfica, 1-5 (crónica)

David Marques , Estádio António Coimbra da Mota, Estoril
6 nov 2022, 22:46

De goleada em goleada

O voo triunfal do Benfica em 2022/23 conheceu neste domingo mais um capítulo e o Estoril foi a mais recente presa de uma águia que nos últimos quatro jogos marcou pelo menos quatro golos em cada um deles.

Da goleada por 5-1 na Amoreira tiram-se várias notas. Primeira: que a equipa de Roger Schmidt vai fechar 2022 no topo da Liga. Segunda: a forma tão natural e simplista com que esta equipa constrói uma goleada.

O técnico germânico que virou de pernas para o ar o futebol do Benfica costuma usar um termo para definir aquilo que a águia é habitualmente em campo: reliable (fiável). No fundo, essa é a premissa em que tem de assentar o sucesso de uma equipa ao fim de dez meses de competição, mas a definição, embora acertada, peca por escasso.

Insaciável, acrescentamos nós, ainda curtos na adjetivação.

Contra um Estoril com algumas baixas importantes, o Benfica não facilitou, mas só aos 25 minutos arrancou para uma noite tranquila. A equipa de Roger Schmidt entrou melhor, ameaçou o golo nos minutos iniciais, mas o conjunto de Nélson Veríssimo foi equilibrando gradualmente e Vlachodimos ainda teve de segurar as pontas antes de Musa indicar o caminho da vitória na única fase em que a equipa da casa conseguiu estar ao nível do adversário.

Se ao Estoril faltaram algumas peças importantes, o Benfica também esteve órfão do maior goleador da Liga (Gonçalo Ramos), do incansável Aursnes e da genialidade de Neres, lançado para a meia-hora final quando já não restava dúvidas sobre quem levaria os três pontos.

Mas se a Roger Schmidt foi feito várias vezes o reparo de, entre a arrojada ideia de jogo, ser pouco flexível na escolha das peças principais, essa ideia começa a cair por terra. Depois de terem assentado parte da passagem aos oitavos de final da Champions em algumas segundas linhas, os encarnados apresentaram-se na Amoreira com Chiquinho e Musa de início. Todos contam para Roger Schmidt e, até ver, todos os que entram parecem render.

E como rende um menino de 19 anos acabados de fazer. António Silva, reliable ao lado de Otamendi no eixo defensivo, fez o 2-0 de calcanhar e assinou depois o terceiro ainda antes do apito para o intervalo.

Insaciável, repetimos.

Depois do 1-0, a águia foi ainda mais dominadora. Viu na presa os olhos de medo e não perdoou. Porque o futebol que os adeptos encarnados exigem é este: o de nunca estar satisfeito com o que se tem, mesmo que o que se tem já seja muito.

E na segunda parte o ascendente chegou a ser ainda mais acentuado. Rafa farejou o golo e Musa viu o poste devolver-lhe o quarto, que chegou logo a seguir às primeiras alterações na equipa pelo já inevitável João Mário, servido pela classe do recém-entrado Neres.

Todos os que entram parecem render, lembra-se? Aplica-se a Neres, a Chiquinho (assistência de génio para o 2-0 de António Silva) e também a Ristic, que entrou no jogo só para assinar o golo da noite.

O Estoril, que até podia ter ido para o intervalo com golos, marcou a fechar. Serginho deu o consolo possível aos canarinhos a três dias de novo embate com o Benfica também no António Coimbra da Mota num jogo em que precisará de ser aquilo que o adversário tem sido e que não foi hoje: reliable.

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