FC Porto-Benfica, 3-1 (crónica)

Vítor Hugo Alvarenga , Estádio do Dragão, no Porto
30 dez 2021, 23:08

Superioridade portista já é um clássico

O FC Porto venceu novamente o Benfica (3-1), desta vez para o campeonato nacional, deixando o adversário a sete pontos da dupla de líderes da competição. Estreia amarga para Nélson Veríssimo, que tinha sofrido a única derrota como treinador principal precisamente frente aos dragões, na final da Taça de Portugal.

A superioridade portista frente ao adversário desta quinta-feira está a tornar-se um clássico e isso é uma péssima notícia para o clube da Luz. O problema não começa nem acaba em Jorge Jesus, se dúvidas houvesse. Para Sérgio Conceição, é mais um ano civil que termina sem derrotas na Liga, provando que há mérito na continuidade e no trabalho silencioso.

Fábio Vieira e Pepê, novidades no onze do FC Porto, cavaram o fosso ainda na parte. Yaremchuk reduziu no reatamento, André Almeida foi expulso logo depois e, em inferioridade numérica, o Benfica viria a sofrer o terceiro golo, no regresso de Mehdi Taremi aos festejos.

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Nélson Veríssimo abdicou do sistema de três defesas-centrais – a verdade é que a lesão de Lucas Veríssimo e o castigo de Otamendi encurtaram o leque de alternativas para a função – e inovou ao apresentar o desenho que esteve na origem do melhor Benfica de Jorge Jesus, há mais de uma década: o 4x4x2.

Gonçalo Ramos fez companhia a Yaremchuk na frente de ataque mas seria Everton, a novidade à esquerda, a criar os principais desequilíbrios encarnados na etapa inicial. Porém, a fórmula era curta. Em jogo direto, a equipa lisboeta ainda lançou um par de ameaças, mas a malha defensiva apresentava fragilidades gritantes.

Sem a entrada avassaladora do clássico para a Taça de Portugal, o FC Porto conseguiu ainda assim superiorizar-se ao adversário, disfarçando melhor as ausências no setor ofensivo. Fábio Vieira, por exemplo, foi uma bela surpresa como unidade mais adiantada, na pele de Evanilson, prendendo os centrais do Benfica e libertando Mehdi Taremi.

Seria precisamente o esquerdino de 21 anos a inaugurar o marcador no Estádio do Dragão, ao minuto 34 e após uma grande oportunidade perdida por Yaremchuk. O ucraniano rematou para defesa de Diogo Costa e, na resposta, o guarda-redes colocou longo em Manafá, que tinha substituído o lesionado João Mário. Vlachodimos cortou, o apanha-bolas deu rápido para Manafá, o lateral lançou para Taremi, Fábio Vieira recebeu o passe transviado - encarnados reclamaram mão do jovem -, Weigl ficou a olhar e o produto da formação azul e branca finalizou de pé direito.

A defesa do Benfica ruiu com um baralho de cartas e demonstrou todo o seu desnorte três minutos depois, no lance do 2-0. Manafá tabelou com Fábio Vieira e lançou Otávio na direita. João Mário não acompanhou o médio do FC Porto e o setor mais recuado dos encarnados perdeu a noção do espaço. Gilberto ficou com Taremi e Pepê, Otávio colocou no brasileiro e este, antecipando-se em velocidade, cabeceou para o fundo da baliza visitante.

Fábio Vieira estreou-se a marcar na temporada 2021/22 e Pepê marcou o terceiro golo da época no terceiro jogo como titular, regressando ao onze após 45 minutos de má memória dos Açores, frente ao Santa Clara, para a Taça da Liga. Entre outras diferenças profundas, o FC Porto demonstrou que tem um banco – e um processo – melhor que o adversário.

Pepê e Fábio Vieira fizeram esquecer Luis Díaz e Evanilson, Fábio Cardoso voltou a demonstrar a sua utilidade no eixo defensivo e até houve abundância de laterais direitos. João Mário saiu por lesão, Manafá entrou e saiu por lesão grave, Jesús Corona desempenhou o papel sem sobressaltos.

No Benfica, por seu turno, as soluções encontradas por Nélson Veríssimo para as ausências de Otamendi, Darwin e Grimaldo não corresponderam às expectativas encarnadas. Morato teve um desempenho medíocre no centro da defesa, Gonçalo Ramos mostrou pouco na frente e André Almeida, como lateral esquerdo, teve as dificuldades esperadas. Já amarelado, voltou para a segunda parte e foi expulso ao minuto 49.

A equipa da Luz até entrou melhor na segunda metade do encontro e conseguiu reduzir a desvantagem, num lance em que Rafa comprovou a sua tremenda influência. Zaidu recuperou a passo, o internacional português encarou Fábio Cardoso e serviu Yaremchuk, que surgiu nas costas de Mbemba para finalizar.

Em dois minutos, o Benfica fez o 2-1 e ficou reduzido a dez elementos. Para recompor a defesa, Nélson Veríssimo abdicou precisamente de Yaremchuk e lançou Valentino Lázaro. Em boa verdade, os encarnados ainda vislumbraram o 2-2 em inferioridade numérica, sobretudo num lance de contra-ataque ao minuto 64, quando Zaidu negou o festejo a Gonçalo Ramos.

A tranquilidade e a clareza de processos do FC Porto vieram ao de cima pouco depois. Vitinha descobriu Taremi na área, Morato ficou a olhar para a bola e o iraniano terminou o jejum de golos, colocando um ponto final na questão (69m).

A equipa de Sérgio Conceição ficou a dever a si mesma mais um golo, mas seria um castigo pesado para um Benfica que, ainda assim, conseguiu ser melhor que no clássico da Taça de Portugal. Porém, esse é argumento demasiado curto para o clube da Luz, que não se pode limitar a ser um convidado simpático para os clássicos no Dragão. Esta noite, voltou a ser pouco mais que isso.

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