Boavista-V. Guimarães, 2-1 (crónica)

Sérgio Pires , Estádio do Bessa, Porto
7 abr 2023, 22:36
Boavista-V. Guimarães (MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA)

Um clássico a preto e branco num filme com final invertido

2-1 no marcador, um thriller daqueles que nos agarram à cadeira até ao fim, porém, este filme, uma produção com menos recursos, teve um desfecho diferente do blockbuster que esteve em cena duas horas antes na Luz.

Boavista versus Vitória é um clássico do futebol português. Não é um Benfica-FC Porto, mas tem o seu cartaz. A preto e branco e tudo. Só não é cinema mudo pela banda sonora que as claques criaram em cada topo – sublinhe-se aqui os cerca de 1 500 adeptos minhotos que apoiaram incondicionalmente a equipa no Bessa e a tarja de boas-vindas dos anfitriões: “No reino da pantera vocês prestam vassalagem”.

Um duelo real, portanto, entre duas equipas que não sabem o que é vencer há várias jornadas. O Boavista vinha de três derrotas seguidas – quatro jogos sem vencer –, o Vitória empatou na última jornada, antecedida por dois desaires.

Em campo, a vitória foi axadrezada num jogo em que até começaram melhor. O 4-2-3-1 de Petit encaixou no 3-4-3 apresentado por Moreno e o Boavista foi mais perigoso no primeiro tempo. Salvador Agra encontrou o caminho da baliza com um remate potente aos 20m e a equipa soube segurar a vantagem até ao intervalo, tendo mais posse de bola (54%-46%) e até mais oportunidades, apesar do maior número de remates dos vitorianos.

Para o segundo tempo, Moreno mexeu e a equipa correspondeu quase de imediato. Bruno Gaspar entrou para o lugar de Miguel Maga e o flanco direito dos minhotos passou a carrilar melhor. Anderson Silva desperdiçou um primeiro cruzamento do recém-entrado Bruno Gaspar, que haveria de servir André André para o golo do empate à passagem da hora de jogo.

Festa da imensa falange de apoio vitoriana, que ainda assim não iria durar.

Confusão e «pasodoble» nos créditos finais

A reviravolta forasteira (como o FC Porto fez na Luz) não chegou sequer a ser uma curta-metragem. Porque Petit também mexeu e bem: lançou Bozenik e Mangas para os lugares de Gorré e Bruno Lourenço e mais do que isso mudou o sistema para um 4-4-2 com dois avançados na área.

O prémio haveria de surgir de bola parada. Makouta, o dínamo do meio-campo axadrezado, haveria de fazer um golaço de livre aos 86m para fazer o resultado final. Não é cinema francês, ainda assim, foi uma obra de arte do franco-congolês.

Se, na Luz, o campeão FC Porto ganhou ao líder Benfica. No Bessa, a festa fez-se em casa e triunfo sorriu por fim a Petit, também por 2-1. O Boavista soma 33 pontos e arruma de vez qualquer fantasma da descida que ainda pairasse sobre o Bessa.  O Vitória mantém os 41 e pode ver escapar-se o Arouca na luta pelo 5.º lugar, que dá acesso à Europa.

Os créditos finais ainda assim poderiam ser evitáveis. Bamba foi expulso nos descontos e após o apito final elementos das duas equipas trocaram empurrões no relvado, com Bruno Gaspar e Abascal também a verem o cartão vermelho.

Tudo resolvido e a festa seguiu no Bessa, com os altifalantes do estádio a ecoarem, numa provocação ao rival, o clássico em ritmo de pasodoble «Y Viva España!».

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