Boavista-Sporting, 2-1 (crónica)

Vítor Hugo Alvarenga , Estádio do Bessa, no Porto
17 set 2022, 22:33

Panteras jogaram damas, leões perderam-se no xadrez

Uma linha reta é a distância mais curta entre dois pontos. Apostando na simplicidade de processos, num jogo de damas contra os complexos movimentos de xadrez do adversário, o Boavista logrou vencer o Sporting na 7.ª jornada da Liga 2022/23 (2-1).

Bruno Lourenço bisou (45+2m e 83m) e manteve a equipa de Petit no quinto lugar, com 15 pontos, colocando um ponto final num ciclo de quatro vitórias consecutivas dos leões. O golo de Marcus Edwards (56m) foi insuficiente para uma equipa que acusou o desgaste provocado pelo jogo da Liga dos Campeões na segunda metade do encontro no Bessa. Leões à condição no 8.º lugar, com apenas 10 pontos.

A primeira parte do jogo foi muito daquilo que os adeptos mais desejam ver: muito tempo útil (65,66%), algo que se manteve na etapa complementar, pouquíssimas faltas – o Sporting fez apenas uma, contra sete do Boavista -, algumas picardias sem consequências de maior e sobretudo grandes lances de futebol, com natural destaque para o vólei de Bruno Lourenço em cima do intervalo.

Queiram acreditar que agrada mais a quem escreve estas linhas descrever um espetáculo assim, com jogadas de perigo a uma cadência interessante, um golo anulado – a Pote, por fora de jogo de Marcus Edwards ao minuto 24 – e duas bolas na trave – de Bruno Lourenço aos 28m e Francisco Trincão aos 39m.

Entre duas equipas que repetiram os onzes em relação aos compromissos anteriores e com esquemas táticos similares (3x4x3), foi o Sporting a ter muito mais bola na etapa inicial do encontro, tirando partido da imprevisibilidade do trio da frente e da profundidade que Nuno Santos, com a ajuda de Matheus Reis, emprestava ao flanco esquerdo, fazendo a vida difícil a Pedro Malheiro.

O Boavista conseguiu manter a sua baliza inviolada, não obstante a falta de segurança denotada por César, e denotou maior eficácia, chegando ao golo na terceira oportunidade criada na etapa inicial.

Obra de arte partilhada por Gorré e Bruno Lourenço

O acutilante Gorré dançou sobre Gonçalo Inácio e Coates, Ugarte afastou o remate do extremo mas Bruno Lourenço, com um fabuloso remate de primeira, colocou a bola lá no canto onde a coruja dorme, sem hipóteses de defesa para Adán (45+2m).

A formação orientada por Ruben Amorim pagou um preço elevado pela falta de pontaria das suas unidades ofensivas – a exceção foi o tal golo anulado a Pote, num lance em que Edwards estava em posição irregularidade no momento do cruzamento de Matheus Reis.

O Sporting precisava de fazer algo de radicalmente diferente na segunda metade do encontro? Defender melhor, seguramente, e aproveitar as oportunidades criadas. Foi isso que aconteceu ao minuto 56, de resto, quando Nuno Santos venceu mais um duelo com Pedro Malheiro.

Novo momento de magia no relvado do Estádio do Bessa.

Nuno Santos respondeu de letra

Nuno Santos, na esquerda, puxou para dentro e cruzou de letra para a linha da pequena área. Por lá estava Marcus Edwards, completamente sozinho, para um improvável golo de cabeça. Os defesas-centrais do Boavista tentaram colocar o inglês em fora-de-jogo, mas Pedro Malheiro – que foi à linha com Nuno Santos – deixou Edwards em posição regular.

O Sporting aumentou a pressão sobre o último reduto contrário, que afastava a bola como podia, mas tudo mudou com o decorrer dos minutos e a dança das substituições, Vantagem para Petit nesse confronto particular.

Coates saiu por lesão e Ruben Amorim decidiu abdicar de Nuno Santos e Francisco Trincão para lançar Paulinho e Arthur Gomes, os autores dos golos frente ao Tottenham. Porém, ao prescindir de Nuno Santos, a equipa leonina ficou sem o principal desequilibrador. Por outro lado, era nítido o cansaço dos jogadores do Sporting, que se agarravam cada vez mais à bola, num xadrez exageradamente trabalhado e tragicamente inconsequente.

Pela terceira vez, Martim decide

No Boavista, o jovem Martim Tavares foi aposta para o último quarto de hora e voltou a ter um papel absolutamente decisivo. O avançado de 18 anos, que garantiu as vitórias em frente ao Santa Clara e ao Casa Pia, conquistou uma grande penalidade ao minuto 80, num lance em que Ricardo Esgaio – o substituto do lesionado Coates – foi no mínimo imprudente.

Bruno Lourenço assumiu a responsabilidade e bisou na partida.

A formação axadrezada reforça os números de um arranque muito interessante, superior aos do passado recente, e o Sporting já perdeu tantos jogos na Liga (três) como em toda a época passada, sendo este o pior registo de Ruben Amorim à frente da equipa. Preocupante. 

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