Boavista-Benfica, 3-0 (crónica)

Ricardo Jorge Castro , Estádio do Bessa, Porto
2 nov 2020, 23:05

Um Angel dos demónios para a águia

Angel Gomes. Um anjo para o Boavista, que foi ao céu, de pés firmes na terra.

Angel Gomes. Um demónio para o Benfica, que caiu no Bessa com estrondo e perdeu a liderança para o Sporting.

O luso-inglês voltou após dois jogos de ausência por lesão e abriu caminho para a pantera arranhar a águia. Um golo do extremo, seguido de uma assistência para Elis, capitalizaram a excelente primeira parte do Boavista. Ao minuto 76, uma «bomba» de Hamache fechou o 3-0 ante o Benfica. Primeira vitória dos axadrezados no campeonato e primeiro desaire da equipa de Jorge Jesus.

O Boavista foi melhor que o Benfica na primeira parte. Surpreendente, talvez, mas só para quem não viu. Depois do 2-0, foi equilíbrio de forças e sofrimento até ao xeque-mate.

Seabra mudou a estrutura, colocou três centrais – Chidozie, apoiado por Cristian e Mangas – e ainda Hamache e Cannon a fechar nos corredores, como setas no apoio ao ataque. Sem o castigado Javi Garcia e Nuno Santos impedido pelo empréstimo, houve Show e Reisinho no meio. À frente, com Paulinho e Elis, Angel foi quebra-cabeças.

Após o golo anulado a Darwin por fora-de-jogo, aos 11 minutos, o Benfica foi praticamente inofensivo. Só o uruguaio e Taarabt deram vida à equipa e foi do pé do marroquino que saiu um cruzamento para a clara ocasião de golo: Léo Jardim negou a cabeçada de Vertonghen.

Nessa altura, a águia já procurava o 1-1, após Angel Gomes, derrubado por Everton, ter feito o 1-0 de penálti aos 17 minutos. E de este ter desperdiçado o bis: valeu Otamendi a compensar um mau passe de Vertonghen na saída.

Aliás, sair a jogar bem foi coisa que pouco se viu do Benfica. Maus passes, erros atrás de erros. Desconfiança? Desconcentração. Inoperância.

No banco, Jesus passou de duras e intervenções pontuais a impávido e sereno com o 2-0. Não foi de modas ao intervalo: tirou três homens apagados. Gabriel, Pizzi e Everton foram ao banho. Weigl, Rafa e Seferovic à procura do caminho.

Inconsequente.

Perigo maior só num livre de Darwin ao minuto 52 e de mais vontade do que perícia. Não havia tática ou mexida que valesse a Jesus, que também não lucrou com Cervi e Diogo Gonçalves. A equipa estava amorfa. Pálida. Sem definição no último terço.

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Lá atrás, Vlachodimos adiou o 3-0 a Elis, mas Hamache deu a machadada final, com uma «bomba» indefensável à entrada da área, após cruzamento atrasado de Paulinho. O escândalo maior ainda podia ter surgido por Elis e Yusupha. Do outro lado, Darwin (quem mais), isolado, teve a melhor ocasião na compensação. Léo Jardim, que chorou com motivos em Famalicão há uma semana, sorriu agora: primeiro jogo sem golos sofridos.

Coisa assim só há 14 anos, quando o Boavista de Zeljko Petrovic despachou os encarnados por 3-0, com um bis de Linz e um golo de Kazmierczak.

Os encarnados não só perdem a liderança, como desperdiçam uma vantagem de seis ou oito pontos para o rival FC Porto e veem o Sp. Braga ficar a três pontos, antes de os minhotos irem à Luz. O Boavista sorri e Vasco Seabra, por certo, está mais aliviado: a pantera dá um salto de três lugares e iguala o Belenenses, no 13.º posto.

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