Dez pistas para o que fica do dérbi

16 jan 2023, 08:05
Benfica-Sporting (LUSA)

Benfica-Sporting teve emoção, intensidade e golos, mas acabou num empate que não serve a nenhuma das equipas e deixou a Liga mais quente

O Benfica-Sporting teve emoção, intensidade e golos. E acabou num empate que reduz a vantagem das águias na liderança da Liga e atrasa os leões na perseguição aos lugares da frente. Em dez pontos, o Maisfutebol olha para algumas das pistas que o dérbi da 16ª jornada da Liga deixou.

Intenso, como deve ser

O dérbi teve emoção, alternância no marcador, foi um jogo aberto com períodos de ascendente de cada uma das equipas e equilíbrio final em campo que também se reflete em alguns dados estatísticos, como a divisão de posse de bola no fim das contas, 52 para o Benfica e 48 para o Sporting, ou nas faltas cometidas, 14 contra 16. Não entrará para os tops de jogos com mais tempo útil – os dados provisórios da Liga apontam para 53,62 por cento nesse capítulo -, e perdeu fulgor nos minutos finais, mas foi muito daquilo que se espera de um dérbi.

Golos, como manda o dérbi

Foram quatro golos a animar o dérbi e a fazer justiça à história daquele que é, dos clássicos de Liga entre os três «grandes» do futebol português, aquele em que se marcam mais golos. São 293 no total, 177 para as águias e 114 para os leões, bem à frente do segundo clássico na lista, o FC Porto-Benfica, com 274. É raro o marcador ficar a zeros: na Luz, para a Liga, só aconteceu por seis vezes, a última delas em 2007. Quanto ao resultado, o Benfica mantém vantagem histórica, com 48 vitórias contra 16 do Sporting em 89 dérbis como anfitrião para a Liga, mas este é o segundo dérbi seguido que não vence, depois da derrota na época passada. Nos últimos dez duelos de Liga na Luz houve quatro vitórias das águias, duas do Sporting e quatro empates.

E a Liga ficou mais quente

O dérbi foi entusiasmante, mas o resultado não serve a nenhuma das equipas. O Benfica mantém a liderança, mas tem agora apenas quatro pontos de vantagem sobre o segundo, o Sp. Braga, e cinco sobre o FC Porto, ambos vencedores nesta 16ª jornada. Com mais de uma volta por disputar, a luta pelo título ficou decididamente mais aberta depois do empate na Luz. O Sporting sai da Luz com um ponto, o que quer dizer que mantém um fosso de 12 pontos para a liderança e está ainda mais longe do segundo lugar, oito pontos de distância. Nesse sentido, como disse Rúben Amorim, o empate é mais penalizador ainda para o Sporting, que perdeu mais uma oportunidade de encurtar distâncias para todos os rivais.

Um motor a meio-campo e um goleador reforçado

O dérbi teve algumas exibições individuais para recordar. Começando por Ugarte, que foi no meio-campo a chave para a forma como o Sporting entrou a pressionar, a cobrir espaços e a condicionar o jogo do Benfica. E teve um goleador de serviço, o suspeito do costume na Luz. Gonçalo Ramos bisou, pela quarta vez nesta temporada na Liga, dois golos de oportunidade a consolidar a afirmação do jovem avançado e também a lançá-lo na corrida para melhor marcador da Liga. Passou a liderar isolado, com 11 golos, mais um do que o portista Mehdi Taremi, que também marcou nesta ronda. Pedro Gonçalves, que converteu o penálti para o segundo golo do Sporting na Luz, passou a somar oito golos, dividindo o último lugar do pódio com Ricardo Horta e Fran Navarro.

Uma estreia e uma promessa

O dérbi também teve direito a uma primeira vez. Lançado em campo em pleno Estádio da Luz aos 78 minutos, Youssef Chermiti esteve perto de assinar uma estreia de sonho, mas o remate já nos descontos saiu por cima. Foi uma surpresa reservada por Rúben Amorim, que no final lhe deixou um voto de confiança em jeito de promessa, com alguma pressão à mistura. O treinador voltou a falar das dificuldades financeiras do clube para dizer que a alternativa é sustentar o ataque com a prata da casa, apostando em Rodrigo Ribeiro e Chermiti como alternativas a Paulinho. Isto se o jovem avançado de 18 anos renovar o contrato que nesta altura o liga ao clube até 2024.

Dos bancos não veio a diferença

Roger Schmidt apostou em Aursnes de início e a meia hora do final fez entrar Neres, vindo de lesão, mas o brasileiro esteve longe de levar ao jogo aquilo que já demonstrou em várias outras ocasiões. O treinador «encarnado», que a meio da semana tinha rodado vários jogadores no encontro com o Varzim para a Taça de Portugal, foi de resto conservador a partir do banco. Fez apenas mais uma substituição, para fazer entrar Chiquinho já nos descontos. No Sporting, Rúben Amorim procurou lançar alternativas para o ataque na reta final, depois de uma primeira alteração com a troca de Matheus Reis por Saint-Juste. Mas as entradas de Chermiti, Jovane e Arthur não acrescentaram aquilo de que o Sporting precisava, reforçando a sensação de um banco curto de opções em Alvalade.

Benfica: os primeiros pontos perdidos na Luz

O Benfica tinha perdido a invencibilidade em Braga no final de dezembro, depois de um arranque de época com 28 jogos sem derrotas, mas mantinha até este domingo um registo 100 por cento vitorioso em casa para a Liga. Também essa marca chegou ao fim com o empate no dérbi, ao nono jogo na Luz para a Liga. Com duas vitórias nos últimos cinco jogos – antes de Braga houve o empate com o Moreirense que ditou o afastamento da Taça da Liga -, é uma evidência que há um Benfica antes e outro depois da paragem para o Campeonato do Mundo. Roger Schmidt falou sobre isso depois da derrota em Braga, ainda que agora, após o empate no dérbi, o treinador tenha defendido a exibição e a atitude, rejeitando a ideia de que a equipa esteja a dar sinais de fraqueza.

Sporting: a bipolaridade em alguns números

Era o dérbi na Luz, sim, mas o empate reforça os números negros do Sporting fora de casa esta época: em nove jogos, apenas três vitórias, mais quatro derrotas e dois empates, 14 golos sofridos. Dos 19 pontos perdidos esta época, que já superam o total da época passada, 16 fugiram longe de Alvalade. A reforçar a irregularidade deste Sporting, ou bipolaridade, como lhe chamou Rúben Amorim, o facto de ter estado por duas vezes na frente do marcador na Luz e ter deixado fugir a vantagem. Já aconteceu várias vezes nesta temporada, desde logo no empate em Braga na primeira jornada da Liga – quando esteve três vezes na frente, ou em três jogos na Liga dos Campeões: a derrota com o Marselha, o empate com o Tottenham e a derrota com o Eintracht Frankfurt que ditou a eliminação.

Futuro imediato em alta rotação

A época entrou numa fase intensa e vai estar muito em jogo já nas próximas semanas. Menos para o Benfica para já, uma vez que está fora da final four da Taça da Liga. As águias visitam no próximo sábado o Santa Clara, a fechar a primeira jornada, e depois de uns dias de «folga», visitam o Arouca, antes de receberem o Casa Pia, equipa-sensação da Liga, que há duas jornadas travou o FC Porto. O Sporting fecha a primeira volta em casa com o Vizela, na sexta-feira, seguindo depois para Leiria, onde joga a meia-final da Taça da Liga com o Arouca, em busca do primeiro troféu da temporada. E depois disso tem um duelo crucial nas contas do campeonato, na receção ao Sp. Braga.

Muitas notas para Martínez

O novo selecionador nacional esteve nas bancadas do Estádio da Luz, oportunidade para ver ao vivo, de uma assentada, algumas das habituais opções da equipa das quinas, mas também vários jogadores que não têm tido muitas oportunidades na seleção. O dérbi teve dez jogadores portugueses de início, cinco de cada lado, ou apenas quatro do lado do Benfica não incluindo Rafa, que renunciou à seleção. Dos mundialistas António Silva, João Mário e Gonçalo Ramos a Florentino, Gonçalo Inácio, Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Trincão e Paulinho, são muitas opções para Roberto Martínez analisar.

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