Arouca realiza a maior operação logística de sempre

11 abr 2014, 10:28
Benfica vs Arouca (LUSA)

Estrutura do clube sem mãos a medir para organizar o jogo de domingo com o Benfica

Uma grande azáfama. Assim se pode resumir o dia-a-dia do Arouca por estes dias que antecedem a receção ao Benfica. Se a visita do líder do campeonato já daria muito que fazer na pequena vila da Serra da Freita, prepará-la em Aveiro, capital do distrito, num estádio com muito maior capacidade está a ser um verdadeiro desafio.

Para quem ainda há pouco anos militava nos distritais e só esta época está a descobrir as exigência da Liga principal, esta será, sem dúvida, a maior operação de logística do clube e um enorme teste às capacidades da sua jovem estrutura organizativa.

Além da diferença de escala em causa, há ainda que contar com o momento do Benfica, que até se pode sagrar campeão já este domingo, caso vença a partida e o Sporting tenha uma escorregadela diante do Gil Vicente.

Um ideia, simples, do que está em causa passa desde logo pela diferença de capacidade de um e outro recinto. Em Arouca, há cinco mil lugares disponíveis, enquanto em Aveiro são 30 mil. Ora isso significa desde logo que a receita, calculada pelo Maisfutebol
em cerca de 500 mil euros, poderá aumentar quatro ou cinco vezes, mas os custos também sobem nessa exata ordem de grandeza.

«É desafio à nossas capacidades e tudo faremos para proporcionar um bom jogo e um grande festa», promete ao Maisfutebol
o vice-presidente arouquense António Jorge, ao mesmo tempo que destaca a «colaboração inexcedível» do Beira Mar, que utiliza permanentemente o Estádio Municipal de Aveiro.

«Em termos de segurança, policiamento, logística em geral, é completamente diferente», prossegue, não escondendo alguns percalços, nomeadamente ao nível da venda dos ingressos, que levaram a longas filas de espera: «Tivemos um problema com a máquina que imprime os bilhetes, mas nada que não se tenha resolvido.»

É tudo a quadriplicar


Preparar um jogo desta envergadura, com todos os detalhes, exige sobretudo uma questão de proporcionalidade. Em rigor, tudo aquilo que seria preciso ter em Arouca vai ter de surgir em Aveiro a quadriplicar... ou mais.

«Se fosse na nossa vila, teríamos entre 20 a 30 assistentes de recinto desportivo. Aqui serão três a quatro vezes mais. Policiamento, a mesma coisa. Na organização do jogo, de umas 20 pessoas vamos ter de passar para o dobro», resume o dirigente.

Salvaguardados ficam os sócios que terão à sua disposição transporte e bilhete gratuito para o encontro. Para já, estão reservados 50 autocarros, mas podem vir a ser mais em função da procura.

«Empurrados» para Aveiro


O facto está consumado e não há como voltar atrás, mas António Jorge continua a lamentar a saída de Arouca. «Gostaríamos todos que fosse no nosso estádio, mas por motivos sobejamente conhecidos não pode ser. Temos pena e pedimos desculpa aos adeptos e aos comerciantes, que vão ficar prejudicados. Esperamos que para o ano, estas festas já aconteçam na nossa terra», reforçou.

O dirigente defende que a escolha não teve a ver com a receita - aliás, o último jogo em casa, com o Gil Vicente, também será em Aveiro -, mas com a decisão por parte dos responsáveis da Câmara, em despejar o clube do estádio municipal e deixar de suportar custos de manutenção do recinto.

Em causa, está uma divergência quanto ao protocolo de utilização das instalações. A Câmara alterou o contrato em Novembro do ano passado, em função da mudança de personalidade jurídica do Arouca, que passou a ser uma sociedade desportiva unipessoal por quotas (SDUQ). A renda mensal subiu para seis mil euros mais IVA, além de o clube passar a suportar a água, luz, gás, e demais encargos de manutenção.

Já o Arouca entende que o contrato inicial, com duração até outubro de 2016, mantém-se em vigor, até porque a mudança para uma SDUQ foi uma imposição legal, e, para mais, a sociedade só tem um acionista, precisamente o clube. Ou seja, o Arouca passou à SDUQ o direito de usufruir dos acordos que este detinha.

A própria Liga considerou o caso de «força maior» e comprovou que o Arouca ficou «desprovido do título legítimo de utilização do estádio em virtude de acto de terceiro (denúncia de protocolo)» que não lhe pode ser imputado, nem poderia ter evitado.

Um caso, por isso, diferente do ocorrido em 2005, da penúltima vez que o Benfica foi campeão, quando defrontou o Estoril no Estádio Algarve, também na reta final do campeonato. Além disso, o Arouca escolheu a capital do seu distrito, a uma distância de cerca de 70 kms, numa opção que acaba por revelar-se natural.

Lugares para a Imprensa sobem de 65 para 500


A cobertura mediática também vai obrigar a mudar muita coisa na organização do jogo. Em Arouca, a tribuna de Imprensa tem capacidade para 65 lugares, dos quais apenas 24 contam com mesa de apoio. Em Aveiro, há cerca de 500 postos, todos devidamente equipados, com eletricidade.

«Além do aumento do pedido de acreditações há toda uma nova dinâmica que vai ter de ser criada. Vamos ter mais gente a trabalhar connosco», esclarece Carlos Almeida, responsável pela comunicação e marketing do clube, que vai marcar presença no estádio logo às 8h30 (a partida começa às 17 horas), para começar logo a tratar de todas as questões.

Até as coisas mais simples, como a gestão da página no Facebook, têm representado um acréscimo de trabalho suplementar, mormente na moderação de comentários, já que os acessos subiram exponencialmente nesta semana.

Mas há detalhes que fazem toda a diferença. «Em Arouca, estou no balneário e, em 30 segundos, estou na bilheteira. Com mais 10 segundos, chego à zona de Imprensa. Aqui não. As distâncias são todas muito maiores. Não dá, por exemplo, para fazer sinais do relvado para a bancada para resolver algumas questões», exemplifica o assessor de Imprensa.

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