Boavista-Arouca, 1-3 (crónica)

Samuel Santos , Estádio do Bessa, Porto
4 jan, 22:48

«Lobo» renova esperança em conferência de aflitos

De unhas cortadas e dentes sensíveis, a «Pantera» continua sem vencer em casa nesta edição da Liga. Na noite deste sábado, na 17.ª jornada – a última da primeira volta – o Boavista sucumbiu a intermitentes momentos de domínio do Arouca. Por isso, os «Lobos» triunfaram por 1-3 e subiram, ainda que à condição, a posição segura.

Face à ronda anterior, Bacci resolveu a ausência de Abascal com a titularidade do jovem Marco Ribeiro, recuando Salvador Agra para a lateral esquerda. Do outro lado, Vasco Seabra apostou em Gonzálbez e David Simão, em detrimento de Sylla e Loum.

Recorde o desenrolar desta conferência de aflitos.

Numa primeira parte de pouco brilho e discernimento parco entre os protagonistas, coube a Gonzálbez assinar a primeira oportunidade de golo. Como tal, aos 11 minutos, o jovem espanhol, de 23 anos, surgiu em posição privilegiada, no coração da área. Todavia, incapaz de colocar o remate.

Na reposta, aos 19 minutos, Bozenik acelerou, ligeiramente descaído para a direita, mas sem engenho para retomar a via dos golos. Esta é uma época pintada de sépia para o avançado que, há um ano, espreitava um passo em frente na carreira.

Sucedeu-se o apagão generalizado. Passes errados, critério nulo, desinspiração que o vento levou. Como tal, o caminho para o intervalo antevia-se silencioso e monótono. Todavia, o nervo indomável de Seba Pérez contrariou o rumo dos acontecimentos.

Aos 45+4m, na sequência de um canto para o Arouca, cobrado à esquerda, o capitão dos axadrezados puxou Fontán, quando o defesa se preparava para alvejar a baliza de César. Por isso, Gustavo Correia assinalou penálti e mostrou o segundo cartão amarelo a Pérez.

Ora, o relógio marcava 45+7m quando Jason capitalizou a oportunidade e assinou o quarto golo no campeonato.

Mantl quase baralhou as contas

Entre trocas e ajustes táticos do Arouca, o plantel «magro» obrigou Bacci a tardar a resposta. Em todo o caso, quando nada o faria prever, o Boavista alcançou o empate.

Ainda que não tenha criado perigo até aos 71m, Nico Mantl ofereceu o golo a Salvador Agra. Aproveitando o passe errado do guardião germânico, o líder das «Panteras» rematou fora da área e assinou a estreia a marcar na Liga.

Entre punhos cerrados, abraços e sorrisos, o Arouca retomou a dianteira do marcador, aos 73 minutos. Livre na área, José Fontán cabeceou e soltou a festa nas hostes visitantes. Mas, uma posição irregular reforçou a esperança dos anfitriões.

«Pantera» com ansiedade por estancar

Até final, pouco mudou. Quase nenhuma oportunidade de golo surgiu. Mas, aos 90+4m, Onyemaechi pisou Trezza, na área. Por isso, no lugar de Jason surgiu Yalcin, e o desfecho foi idêntico.

Pouco depois, aos 90+8m, o ponta de lança turco aproveitou o cruzamento de Puche para, com a baliza deserta, encerrar a contenda.

Assim, o Arouca ascendeu ao 15.º lugar, com 15 pontos, em igualdade com AVS e Estoril (13.º). Segue-se a visita ao Vitória de Guimarães (6.º), a 18 de janeiro.

Por sua vez, o Boavista caiu para o fundo da tabela, com 12 pontos, a um da linha de água. Na próxima ronda, a 20 de janeiro, as «Panteras» recebem o Casa Pia (7.º).

A Figura: Yalcin renova esperanças do Arouca

O segundo e terceiro golo no campeonato, assinados aos 90+5 e 90+8m, elevam o ponta de lança, de 25 anos, a um lugar distinto neste encontro. Uma vez que proliferou o discernimento, o turco distinguiu-se pelo espírito combativo e pela eficácia. Aposta certeira de Vasco Seabra e um sério aviso para Morozov, Henrique Araújo e Trezza.

O momento: Mantl quase borrou a pintura, 71m

Num encontro em que poucas vezes foi chamado a intervir, o guardião germânico ofereceu o empate a Salvador Agra. Não fossem os erros defensivos do Boavista e Mantl seria responsabilizado pela perda de dois pontos.

Negativo: ano novo, o sofrimento habitual

À exceção dos golos, este encontro não contou com momentos de brilhantismo, da qualidade exigida para a Liga. Ainda que se compreenda o contexto delicado do Boavista – com Bacci a atenuar problemas profundos – não é aceitável a desinspiração ofensiva dos titulares, nem as sucessivas desconcentrações defensivas.

Do outro lado, ao Arouca falta capacidade para permanecer concentrado e capitalizar os momentos vividos na mó de cima. Não é uma questão de mercado ou sorte, mas sim de qualidade e vontade.

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