Boavista-Benfica, 2-2 (crónica)

Sérgio Pires , Estádio do Bessa, no Porto
18 fev 2022, 22:30

Panteras dão murro no tabuleiro depois da águia falhar o xeque-mate

No final, aplausos para o Boavista e assobios para o Benfica. Bastaria esta imagem para perceber o filme da abertura desta 23.ª jornada da Liga, que terminou num empate a duas bolas.

Só não se pode dizer que foi um empate oferecido em tabuleiro de prata, porque as panteras fizeram tudo para o conquistar e até almejar ao triunfo.

Numa prova de carácter, o Boavista foi buscar um jogo que parecia perdido e expor todas as fragilidades do Benfica, que pode ficar de novo a seis pontos do Sporting e a 12 do FC Porto, caso os rivais vençam no próximo domingo.

No tabuleiro do Bessa, Veríssimo mexeu nas peças e chamou Taarabt ao onze, apresentando um 4-1-4-1 híbrido, com Weigl mais recuado a meio-campo e Gonçalo Ramos a deambular nas costas de Darwin. Parecia demasiado macio o meio-campo encarnado, mas isso só viria a notar-se mais lá para a frente.

Do lado contrário, a debilidade do 3-4-3 de Petit ficou exposta logo aos 18m, com a saída por lesão de Tiago Ilori.

Com uma linha de três defesas, o Boavista ficou sem qualquer central de raiz à disposição – os castigados Porozo e Abascal não fizeram parte das opções.

Javi García jogava no eixo da defesa, ladeado por Cannon e Filipe Ferreira.

A contrariedade abriu o jogo para os encarnados.

O xadrez passou a ser ‘flippers’. As bolas sucediam-se nas imediações na área axadrezada e Taarabt virou o rei do salão quando aos 21m descobriu o caminho da baliza, depois de uma excelente combinação entre Gonçalo Ramos e Darwin e um primoroso toque de calcanhar de Rafa.

O setor recuado dos axadrezados tremia e o Benfica surgia com naturalidade na frente. Meia-hora de jogo e Grimaldo teve tempo para sozinho na pequena área fazer a recarga para o 2-0.

Everton (34m) e Darwin (39m) ainda haveriam de introduzir a bola na baliza dos axadrezados, em lances invalidados por fora de jogo.

Ou seja, o Benfica parecia destinado a dar o xeque-mate.

Puro engano.

Na segunda parte, o Boavista deu um murro na mesa. Melhor, no tabuleiro, naquilo que se pode chamar um autêntico «amasso» na equipa de Veríssimo.

Foram 45 minutos de domínio da equipa da casa.

Já agora, esqueçam de vez o estigma de Petit como treinador defensivo. Esta equipa do Boavista joga futebol apoiado, pressiona alto, chega com critério lá na frente. Enquanto isso, Veríssimo mexia mal na equipa, que foi perdendo ainda mais o controlo do jogo a cada substituição.

Foi neste contexto que em cinco minutos acabaria por chegar o empate: Sauer tabelou com Musa e disparou para reduzir (aos 75m), antes de (aos 80m) uma bomba de Makouta – o motor do meio-campo – encontrar o fundo da baliza de Vlachodimos.

Empatado a dez minutos do fim, foi o Boavista a estar mais perto do golo: Hamache de livre e Musa num remate por cima quase viraram de vez o tabuleiro.

Atarantado, o Benfica via jogar uma equipa que na segunda parte fez 10 remates contra três (13-9 no total) e teve mais do dobro dos cantos (9-4).

O Boavista alcança o sétimo empate nas últimas oito jornadas e dá pequenos passos para se afastar da zona perigosa, uma ameaça que não merece pelo futebol que pratica.

Quanto ao Benfica, há muito que deu a época por perdida. A equipa regrediu com a saída de Jorge Jesus e Veríssimo é um erro de casting. A equipa é um espelho da sua mensagem: redonda, pouco arrojada, receosa, sem uma centelha de esperança.

A prova de fogo, na receção ao Ajax na próxima quarta-feira, para a Liga dos Campeões, não augura nada de bom.

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