Ferro Rodrigues admite mais legislação e deixa recados a dirigentes e imprensa

3 abr 2018, 10:49
Sombras

Discurso na conferência Violência no Desporto

O presidente da Assembleia da República admitiu nesta terça-feira que, se necessário, deve haver maior legislação sobre a violência, a corrupção, ou as violações do segredo de justiça no desporto, e sobretudo no futebol.

«Ao poder político cabe ir acompanhando com atenção o desporto e o futebol em todas as suas dimensões. E se necessário, através do parlamento ou do Governo, legislar contra a violência, a corrupção, a intimidação, a fraude, a calúnia, as violações do segredo de justiça após denúncias anónimas», disse Ferro Rodrigues na conferência de Violência no Desporto e citado pela Lusa.

«O pior que poderia acontecer seria, em paralelo à importante participação tecnológica na verdade dos resultados, existirem insinuações sem resposta a questões como a lavagem de dinheiro, a corrupção de intervenientes fundamentais, a cultura do ódio e da violência organizada, a lisura de quem decide e de quem controla quem decide», prosseguiu.

Ferro Rodrigues acrescentou que como presidente da AR não pode tomar iniciativa legislativa, mas vê «com bons olhos, sem pôr em causa a autonomia dos poderes próprios, que o futebol seja mais escrutinável, já que pelo seu impacto social, cultural e ético, diz respeito à sociedade no seu todo».

O presidente da AR deixou ainda um recado aos dirigentes. Com os líderes de Benfica e Sporting, entre outros, na sala, Ferro Rodrigues lembrou-os que «representam institucionalmente milhares de sócios, nalguns casos milhões de adeptos, representam, no caso, das sociedades anónimas os acionistas, representam, acima de tudo, uma história, uma comunidade de pessoas unidas por um ideal».

A comunicação social também foi visada no discurso do presidente da AR: «Há demasiada crispação no espaço público desportivo e futebolístico. Talvez porque a crispação no debate político-partidário é hoje muito menor, e essa é uma forma barata, mas perigosa e lamentável de ter audiências, num mundo em que o populismo acéfalo substitui a discussão racional, com consequências muito graves, se isto não for denunciado e alterado.»

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